Gestão Integrada de Riscos

O ambiente empresarial está cada vez mais incerto, com margens de lucro reduzidas, concorrência acirrada e elevada carga tributária. Da mesma forma, há um aumento significativo dos riscos que envolvem a atividade empresarial, entre eles: riscos de crédito, relacionados com falhas de recebimento na carteira de crédito; riscos legais, inerentes às demandas judiciais, e da interferência do estado nos contratos; riscos de imagem (um problema de imagem pode levar a uma onda de saques em um banco, por exemplo); riscos operacionais, resultantes de falhas ou inadequação de ações e procedimentos; riscos de mercado, relacionados a oscilações cambiais, inflação, operações em bolsas, concorrência internacional ou doméstica; e riscos fiscais, oriundos da interpretação das fazendas quanto à estruturação societária, patrimonial e fiscal das empresas e quanto aos regimes tributários e procedimentos contábeis, entre outros fatores.

Há uma multiplicidade de ameaças no ambiente empresarial, as quais devem ser administradas de forma conjunta para prevenir desequilíbrios

Essa multiplicidade de ameaças exige gestão integrada de riscos, à medida que o ambiente se torna complexo e o futuro incerto. Serão obrigatórios novos instrumentos de medição, acompanhamento e gestão das empresas em diversas frentes, buscando blindá-las contra diversas variáveis que podem atingir sua rentabilidade e até sua viabilidade. Para isso, um bom começo é aprimorar a gestão do risco de crédito, visto que praticamente todas as empresas possuem carteiras de vendas a prazo, que, com freqüência, lhes trazem problemas diversos.

A atenuação dos riscos de crédito pode ser obtida com o uso de modernos e eficientes sistemas que os bureaux de proteção ao crédito nos disponibilizam. Podem ser citados, por exemplo, os sistemas de compartilhamento de dados, que objetivam obstar que os tomadores de crédito tomem mais recursos que sua capacidade creditícia, evitando assim o default, que levará a perdas nas carteiras de crédito.

Da mesma forma, os produtos de análise de rating, de probabilidade de ina­dimplência, de credit score, os softwares que automatizam a análise e aprovação creditória e os produtos de gerenciamento de carteira indubitavelmente contribuirão para a diminuição das perdas nas carteiras de crédito.

A utilização de garantias reais como ferramenta de diminuição do risco de crédito, além de aumentar o comprometimento negocial, colocará o credor em situação privilegiada na nova legislação falimentar, pois o detentor deste tipo de garantia terá seu recebimento priorizado. A propósito, existe um aspecto psicológico interessante que envolve as situações onde há maior comprometimento, aumentando a probabilidade de recebimento do crédito inadimplido.

"Um bom começo é aprimorar os mecanismos para atenuar os riscos de crédito"

É importante observar que, com a nova legislação falimen­tar, que enterrou a antiga concor­data, substituindo-a pela chamada Recuperação Empresarial, as micro e pequenas empresas, nessa situação, podem parcelar, em regra, seus débitos em 36 meses, com carência de 180 dias, mas o credor que detiver garantias reais se livrará desse parcelamento.

Evidentemente, os cuidados com o crédito não devem se constituir em providências isoladas. Os demais riscos merecem igual atenção. A gestão integrada de todos proporcionará um aumento na saúde da empresa de maneira geral.

Rubens Filinto da Silva

Rubens Filinto da Silva

É Vice-Presidente do Sinfac-MS. Ex-Presidente do Sinfac-MS. Ex-Vice Presidente Regional da Anfac. Diretor-Presidente do Grupo Hedge. Professor. Palestrante. Autor dos Livros: As Garantias Reais e Pessoais no Factoring, A Cobrança e a Recuperação de Recebíveis no Factoring, A Análise de Crédito para Empresas de Factoring, Chega de Inadimplência, 200 Dicas de Cobrança, Líder Empresarial Gazeta Mercantil/Fórum de Líderes/2007, Integrante do Fórum de Líderes Empresariais, Integrante do Fórum Novos Líderes, Conselheiro da AACC - Associação dos Amigos da Criança com Câncer.