Fomento

Bancos intensificam busca por mais receitas com tarifas

Alu?io Alves, da REUTERS

S? Paulo - Os grandes bancos privados do pa? est? intensificando iniciativas para ampliar receitas com tarifas e servi?s, tentando amortecer os efeitos da contra?o do cr?ito e aproveitando um ambiente em que o n?mero de competidores encolhe.

No card?io est? condi?es mais rigorosas para conceder isen?o de tarifas, aproxima?o com p?blicos menos bancarizados e esfor?s para fazer clientes que t? contas em v?ias institui?es concentrarem opera?es banc?ias em apenas uma.

O Santander Brasil passou a condicionar a isen?o de anuidade para seu cart? de cr?ito para clientes que fizerem ao menos 100 reais em compras todo m?. Al? disso, servi?s como saques e pagamento avulso de contas e boletos com o cart? de cr?ito, antes gratuitos no Santander, est? agora sujeitos a tarifas.

"Vamos manter a isen?o da tarifa para clientes que fizerem um uso m?imo do cart?", disse ?Reuters o diretor de rela?es com investidores do banco, Angel Santodomingo. "Queremos ter algo bom para o cliente e para a institui?o." J?o Bradesco est?"se aproximando mais dos clientes", nas palavras de seu diretor de rela?es com investidores , Luiz Carlos Angelotti.

Entre as medidas nesse sentido, o banco por tr? da financeira Ibi Promotora, criada em parceira com o Banco do Brasil, est?ampliando o time da opera?o. Com foco na popula?o de menor renda, o banco que come?u h?algumas semanas a operar tem 1 bilh? de reais em empr?timos e opera?es com cart?es j?na sa?a.

No Ita? Unibanco, o chamado "n? cr?ito" j?h?dois anos representa mais da metade da receita do banco. Desde o ano passado, o mesmo tamb? ?verdade para o Bradesco. A tend?cia se refor?u no primeiro trimestre. Somados os n?meros de Ita? Unibanco, Bradesco e Santander Brasil, enquanto no primeiro trimestre a carteira de cr?ito encolheu 2,8 por cento, as receitas com servi?s cresceram 7,9 por cento, para 16,66 bilh?es de reais.

Embora seja uma rea?o natural ?queda nos financiamentos, esse foco mais intenso sobre tarifas tamb? reflete o esfor? dos bancos para deixar o balan? mais leve, em prepara?o para a fase 3 do acordo de Basileia, que ter?implementa?o integral no Brasil em 2019.

Na pr?ica, isso significa que quanto menos atrelado a cr?ito um banco estiver, menos provis?es ter?que fazer para perdas com calotes. Com receita com tarifas, essa necessidade diminui sensivelmente. ?a mesma l?ica por tr? do movimento de migra?o dos bancos para linhas de menor risco, como consignado e imobili?io.

Mas o foco dos bancos em defender um balan? mais s?ido e rent?el come? a faz?los enfrentar desafios novos. Um deles ?o aumento da concorr?cia aberta, com todos tentando seduzir clientes a concentrarem opera?es num banco apenas.

"O nosso plano ?mostrar que temos a melhor oferta de servi?s e fazer o cliente concentrar as opera?es conosco", disse o diretor de rela?es com investidores do Ita? Unibanco, Marcelo Kopel.

Para analistas, o problema da t?ica de tentar compensar menos ganho no cr?ito ampliando as receitas com tarifas ?que ela tem efeito de dura?o limitada, especialmente num ambiente de contra?o da renda de fam?ias e empresas.

"Pode dar certo por um ano, dois. Depois disso, vira uma disputa de um banco tentar tirar receita de outro", disse ?Reuters o diretor de institui?es financeiras da Fitch no pa?, Claudio Gallina. "Al? disso, a proje?o de receitas fica menos previs?el." Um outro risco para os bancos ?justamente o de desagradar os clientes, tentando tirar deles mais relacionamento -e mais tarifas- justamente num momento de contas apertadas para pessoas e empresas.

Segundo dados mais recentes do ?g? de defesa do consumidor Procon-SP, ap? seis semestres consecutivos de queda, o n?mero de reclama?es contra bancos, incluindo sobre tarifas, subiu na segunda metade de 2015 para 10,6 mil ante 9,5 mil na primeira metade do ano.

E o processo de concentra?o banc?ia em curso, com a compra do HSBC Brasil pelo Bradesco, no ano passado, e a iminente sa?a do Citi das opera?es de varejo no pa? podem piorar ainda mais a rela?o entre bancos e clientes. Segundo o presidente presidente da Associa?o Nacional de Defesa dos Consumidores do Sistema Financeiro (Andif), Aparecido Donizete P?on.

Nesta sexta-feira, a Secretaria Nacional do Consumidor do Minist?io da Justi?, do Minist?io da Justi?, multou o HSBC em 3,6 milh?es de reais, por cobran? indevida de tarifa de cadastro de clientes que j?tinham cr?ito com o banco.

"Os n?meros de reclama?es s?n? s? maiores porque muitos consumidores n? buscam as inst?cias competentes, mas com a contra?o na renda das fam?ias esse cen?io pode mudar", disse P?on.

Fonte: http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/bancos-intensificam-busca-por-mais-receitas-com-tarifas