Economia

Bancos se mostram mais flexíveis na reestruturação de dívida empresarial

S? Paulo - O aumento de pedidos de recupera?o judicial e do volume de empresas inadimplentes ante a crise tem favorecido a negocia?o de d?idas com os principais bancos e credores do Pa?. Cumprir prazos e compromissos, no entanto, ?desafio para os empres?ios.

A preocupa?o dos bancos em tentar quitar as d?idas, se deve ?maior probabilidade de calotes por parte de seus devedores no atual ambiente de crise econ?ica.

Assim, com a queda na demanda por cr?ito e com os altos n?eis de inadimpl?cia e pedidos de recupera?o judicial, o lucro fica por conta das altas taxas de juros e do pagamento do cr?ito previamente cedido.

As ?ltimas informa?es da Serasa Experian sobre o assunto apontam mais de 4 milh?es de empresas inadimplentes, que somam mais de R$ 91 bilh?es em d?idas.

De acordo com Luiz de Carvalho Cascaldi, s?io do setor contencioso estrat?ico do Siqueira Castro Advogados, apesar de ser "cada caso um caso", os bancos se tornam mais flex?eis em um cen?io de crise econ?ica, uma vez que o n?mero de d?idas n? pagas aumenta.

"Para o banco, a vantagem ?colocar algum dinheiro para dentro e, a partir do momento em que a empresa para de honrar seus compromissos, aquilo j?entra como preju?o na contabilidade da institui?o financeira. Ele [o banco] vai avaliar a situa?o da empresa, o tamanho da d?ida e as demais opera?es existentes para avaliar quais os crit?ios que usar?para renegocia?o, porque, na pol?ica dele, ?melhor receber qualquer coisa devida do que n? receber nada" identifica o advogado.

Segundo os especialistas ouvidos pelo DCI, as principais formas de renegocia?o de d?idas que os bancos oferecem s? novos prazos de pagamento, abatimento de juros, novas condi?es de parcelamento e at?mesmo descontos atrativos para os pagamentos ?vista.

"A institui?o financeira sempre far?uma an?ise do perfil do neg?io, mas muitas vezes com essas condi?es, as empresas j?conseguem um pouco de f?ego para o fluxo de caixa ou at?para tirar o nome dos bir? de cr?ito, o que j?d?um al?io para novas opera?es. At?em rela?o ? grandes empresas endividadas, com um poder de fogo um pouco maior, os bancos oferecem produtos diferenciados, os quais, caso aceitos pela companhia e honrados o compromisso, podem resultar no perd? de d?idas", avalia Cascaldi, do Siqueira Castro.

Ele ressalta que, nesse sentido, o perd? das d?idas acontece porque, com o produto oferecido pelo banco, as chances de pagamento muitas vezes s? maiores do que as propostas anteriores, o que acaba sendo vantajoso para a institui?o financeira.

Diagn?tico

Segundo Raphael Salmi, gerente de recupera?o de cr?ito da Serasa Experian, o diagn?tico da d?ida por parte da companhia, ?essencial para conseguir bons resultados na negocia?o com o credor.

"Isso serve para o empres?io saber quantas d?idas tem e entender para quem deve e o quanto deve. O segundo passo seria fazer o planejamento de negocia?o, separando a parte do or?mento que se possa usar da empresa para quitar esse d?ito e a parte que seja essencial para manter o neg?io funcionando. O terceiro e final passo ?entrar em contato com o credor e propor algo efetivo. ?fundamental que seja algo poss?el de honrar, uma vez que uma nova quebra do compromisso pode deix?lo inadimplente de novo, o que piora drasticamente a capacidade de negocia?o", explica.

Salmi ainda ressalta que, quanto mais r?ido for a execu?o do d?ito, melhor. "N? se pode esquecer que h?taxas de juros e, quanto mais ele atrasa o pagamento, mais ele vai acabar devendo no final", complementa o executivo.

Ainda de acordo com dados da Serasa, as micro e pequenas empresas n? somente foram as maiores respons?eis pelo recuo de 11,6% na demanda por cr?ito de pessoas jur?icas em abril (correspondendo a 12% deste total), como tamb? lideram o ranking de pedidos de recupera?o judicial registrados no primeiro trimestre deste ano (com 55,9% do total de requerimentos).

Salmi ainda ressalta que, em rela?o a esses pedidos de recupera?o, a "cobran? amig?el" pode ser o momento crucial de reestrutura?o. "Caso ele negocie uma parcela que consiga pagar [e pague], o nome j?sai dos bir?, por exemplo, e j?impede uma situa?o judicial mais cr?ica", afirma.

O Brasil, nesse cen?io, segue o fluxo de pa?es emergentes da Europa, Oriente M?io e ?frica, onde a atividade no setor subiu 8%, a U$ 15 bilh?es.

Os executivos destacam que as condi?es de reestrutura?es tendem a crescer ante o cen?io de cont?uas incertezas econ?icas. "Na crise, com mais gente querendo receber, os bancos tendem a abrir m? de tudo que ?de direito para, ao menos, receber um valor m?imo de seus devedores", conclui Cascaldi.

Bancos analisam bens dos empres?ios

Os especialistas no setor afirmam que tamb? ?comum uma an?ise patrimonial por parte dos credores, como forma de avaliar a capacidade de pagamento dos empres?ios em nome de seus neg?ios.

"Quando o devedor n? est?querendo ou conseguindo pagar, ?normal que ele esconda seus bens, para fugir de suas obriga?es. Localizar esses patrim?ios e ter medidas construtivas, seja por garantia ou procedimentos judiciais, ?uma forma de desconsiderar a pessoa jur?ica e localizar o s?io, de forma a beneficiar o credor na hora da negocia?o. Quanto mais ao alcance tiver o patrim?io da empresa, mais dif?il ser?de o banco oferecer uma condi?o melhor de pagamento. O desconto s?vem quando h?o reconhecimento de que a empresa est?com dificuldades", avalia Cascaldi, da Siqueira Castro Advogados.

Ele ressalta que ?uma via de duas m?s e que ?preciso a aten?o de ambas as partes. "A vantagem na hora de negociar est?com quem conseguir agir primeiro sobre essa avalia?o de bens. Quando o banco localiza, consegue impor melhor o pagamento da d?ida, caso contr?io, ele tem que acabar cedendo", conclui.

Fonte: http://fenacon.org.br/noticias/bancos-se-mostram-mais-flexiveis-na-reestruturacao-de-divida-empresarial-653/?utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=Press+Clipping+Fenacon+-+20+de+maio+de+2016