Economia

Queda da inadimplência contribui na redução gradual do juro no Bradesco


São Paulo - Em balanço divulgado ontem, o Bradesco relatou a queda dos calotes de pessoas físicas e de micros, pequenas e médias empresas no primeiro trimestre de 2017, ante dezembro do ano passado. A inadimplência total, no entanto, registrou um pico de 5,63%.

O índice marcava 6,94% de inadimplência das pessoas físicas em dezembro de 2016, número que foi diminuído para 6,66% no último mês, retração de 0,28 ponto percentual no período. Já para micros, pequenas e médias empresas, o indicador recuou 8,62% para 8,26%, queda de 0,36 ponto percentual.

A expectativa, de acordo com representantes do banco, é que essa taxa continue em queda nos próximos meses. "Acreditamos que o índice de inadimplência deve continuar melhorando gradualmente nos próximos trimestres, atingindo níveis mais baixos em 2018. Nesse contexto, nossas despesas com Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) caíram 12% no trimestre. O corte de custos e a queda dos juros foram a grande influência", avalia Carlos Wagner Firetti, diretor departamental do banco.

Nesse sentido, quando a taxa básica de juros (Selic) foi reduzida em 0,75 ponto percentual de 13% para 12,25%, o Bradesco, assim como os outros bancos principais, também anunciou baixa nos seus juros. Para o crédito pessoal, a taxa mínima foi 1,89% para 1,83% e a máxima saiu de 7,72% para 7,66% ao mês. Em cartões de crédito, a modalidade do rotativo teve juros entre 3,1% e 9,9%. O cheque especial caiu de 13,55% para 13,49% ao mês.

Além de um melhor ciclo de crédito, a queda dessa inadimplência também pode acarretar na redução futura do spread bancário. "Em relação aos spreads, existe uma clara tendência de normalização do mercado, e dentro disse já temos visto uma redução em algumas linhas. Temos repassado a queda da Selic, tendência que irá continuar, e vemos os spreads se reduzindo ao longo dos próximos trimestres", disse o diretor departamental.

"É algo do mercado, a inadimplência está caindo, os riscos também e isso acaba sendo precificado nos spreads. Acreditamos que o BC tenha uma visão clara nos prognósticos feitos por eles, nos quais constava a inadimplência como uma das principais composições dos spreads", completou Carlos Wagner Firetti.

Lucro no balanço

O lucro líquido do Bradesco Seguros, Previdência e Capitalização apresentou queda de 0,4%, saindo de R$ 1,38 bilhão no primeiro trimestre de 2016 para R$ 1,374 bilhão no primeiro trimestre de 2017.

A retração foi influenciada pela menor rentabilidade das reservas técnicas (queda da Selic ao longo desse período) e também foi impactada pela sinistralidade dos planos de saúde.

As expectativas, entretanto, são de melhora progressiva. "É bom salientar que a sinistralidade está relacionada ao aumento do índice de desemprego, e não à manutenção do desemprego que aí está", explica Alexandre Glüher, diretor vice-presidente do Bradesco.

Ele disse que em 2016, por exemplo, teve um aumento de demissões. "Acarreta num ciclo em que a pessoa que acabou de perder o emprego, por ainda ter um curto tempo sendo coberto pelo seguro, e por não saber seu futuro, acaba procurando colocar a sua saúde em dia. Ele procura um médico, faz todos os exames que precisa fazer, e por consequência aumenta a sinistralidade daquele plano. O que podemos dizer tranquilamente é que o pior disso já foi. Apesar do desempregos ainda estar alto, seu crescimento já parou", disse.

O lucro líquido contábil do Bradesco também teve queda na comparação anual. No primeiro trimestre de 2017 o banco somou R$ 4,07 bilhões, ante R$ 4,12 bilhões no primeiro trimestre do ano passado.

Já no lucro líquido ajustado, que considera o efeito do ágio pelo HSBC Brasil, mostra outra performance. Nesse critério, o lucro do Bradesco cresceu 13% para R$ 4,64 bilhões no primeiro trimestre de ano, contra R$ 4,16 bilhões nos três primeiros meses de 2016. Ante o último trimestre de 2016, o aumento do lucro foi de 6%.

Houve também aumento de 16% nas receitas de prestação de serviços do banco, que saiu de R$ 6,45 bilhões no primeiro trimestre de 2016 para R$ 7,43 bilhões nesses primeiros meses de 2017, impulsionado por receitas originadas de cartões e serviços de conta corrente.

Ontem, na bolsa de valores brasileira (B3), os papéis do Banco Bradesco figuraram entre as principais altas do pregão. A ação preferencial (PN) teve alta de 2,92% e fechou em R$ 33,49. Já a ação ordinária (ON), com direito a voto, mostrou elevação de 2,99% e encerrou cotada em R$ 32,75.

Gabriel Proiete

http://www.dci.com.br/financas/-queda-da-inadimplencia---contribui-na-reducao-gradual-do-juro-no-bradesco--id621496.html