Economia

Financiamento para novas empresas deve ganhar força a partir de 2019


O crédito para empresas nascentes ganhará força a partir de 2019. Com a difícil análise de risco, porém, o foco será para companhias que apresentem um plano de negócio mais avançado e que mostrem maior apetite por inovação e novas tecnologias.

De acordo com a consultora do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP), Magda Calegari, ainda que a demanda esteja reprimida frente aos lentos avanços da economia, a expectativa é de que novas soluções de crédito incentivem projetos inovadores.

“Existe muita gente querendo empreender e buscando financiamento para começar um novo negócio. Agora, as taxas ainda estão altas e a atividade econômica não respondeu como deveria, mas esperamos ofertas melhores de crédito e, consequentemente, uma alta na demanda”, opina.

Os números crescentes de novos microempreendedores individuais (MEIs) refletem essa realidade e também pressionam por alternativas. Segundo os últimos dados da Serasa Experian, por exemplo, o mês de maio teve recorde no registro de MEIs, com 182.552 negócios nascentes no período.

O valor representa um aumento de 2,9% em relação ao visto em abril (177.391) e alta de 9,4% ante mesmo mês do ano passado (166.831).

Segundo o presidente da Desenvolve SP, Álvaro Sedlacek, porém, “é preciso que as empresas estejam preparadas para receber o financiamento”.

“Isso é complicado. Apesar de as pequenas empresas brasileiras terem melhorado muito, muitos balanços ainda são críticos e não existem garantias que facilitem a análise de crédito”, pontua o executivo e pondera que, nesse sentido, o apelo é exatamente para as companhias que se mostrem voltadas para a inovação.

“São duas categorias principais: aquelas que nascem por força da conjuntura econômica e as que vêm com propósitos muito específicos. Assim, o foco fica para os negócios que apresentam projetos mais maduros e que percebem a inovação não apenas como tendência, mas também como necessidade”, completa.

Da parte do crédito bancário, por sua vez, executivos ponderam que a demanda ainda tem sido por linhas de giro e de antecipação de recebíveis.

“Só nesse primeiro semestre, dos R$ 20,5 bilhões concedidos para micro e pequenas empresas, 72% dos desembolsos ainda são voltados para linhas de giro e recebíveis ”, comenta o gerente executivo da diretoria de micro e pequenas empresas do Banco do Brasil (BB), Ademir Pereira.

Para o diretor de empréstimos e financiamentos do Bradesco, Leandro Diniz, mesmo que esse empreendedor seja “ágil e dinâmico”, o cenário de incerteza dos próximos meses influencia na decisão.

“Esse semestre foi melhor do que os primeiros seis meses de 2017, mas é uma evolução gradual. É difícil ter uma previsão para 2019 porque o País precisa de algumas variáveis para continuar andando. Por enquanto, é melhor continuarmos em uma análise mais conservadora”, comenta Diniz.

Captação de recursos

Ao mesmo tempo, processos que se adequam ao custo e prazo de startups como investimentos-anjo e de equity crowdfunding também ganham ainda mais força.
“Há um aumento da demanda do lado das startups e fintechs, principalmente porque o número de empresas desse perfil empreendedor cresce cada vez mais”, comenta o sócio-fundador da EqSeed, Greg Kelly.

Ele acrescenta que a perspectiva é de que a busca tanto por parte de iniciativas como de investidores aumente com mais força em 2019, com um melhor direcionamento político e econômico no País.

“É importante ressaltar, porém, que são processos lentos. Startups são empresas que demoram de quatro a cinco anos, no mínimo, para ter retornos maiores. Além disso, é preciso entender que a volatilidade no mercado também influencia”

“De qualquer forma, as expectativas são bastante positivas para o setor”, conclui.
 
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