Economia

Sobe busca de crédito para novos negócios

A demanda por crédito para a abertura de novos negócios tem superado a busca por troca de dívidas. Com melhores perspectivas de futuro, mas sem o retorno do emprego, empreendedores buscam taxas menores para a recolocação no mercado de trabalho.

Na Lendico, por exemplo, os números recém divulgados sobre julho apontam que a procura por recursos para abrir uma nova empresa registrou um aumento de 153% no País em relação a igual mês de 2017. Especificamente na região sudeste, o crescimento foi de 172%.

“Até o ano passado, a grande motivação dos empréstimos era a troca de dívidas caras por baratas, com 60% dos casos. Atualmente, a média está em 34% e começamos a ver que, de fato, o intuito do crédito é para fazer algum tipo de investimento”, comenta o fundador da Lendico, Marcelo Ciampolini.

O mercado financeiro também corrobora com os dados da fintech. De acordo com as últimas informações da Serasa Experian, 182.552 novos microempreendedores individuais foram registrados no País em maio deste ano.

O número corresponde a uma alta de 9,4% em relação ao mesmo mês do ano passado (166.831) e representa um novo recorde para o indicador do birô de crédito.

Para o economista da Serasa, Luiz Rabi, o avanço observado tem ligação direta com o desempenho da atividade econômica abaixo do esperado e da consequente demora de retomada no mercado de trabalho brasileiro.

“Tanto em relação à redução do desemprego quanto ao aumento das vagas formais de trabalho, os MEIs [Microempreendedores Individuais] se destacam como uma alternativa para a geração de renda”, afirma o especialista.

Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o contingente fora da força de trabalho ficaram em 65,6 milhões de pessoas no segundo trimestre, um aumento de 1,9% em relação a igual período do ano passado (64,4 milhões).

Ao mesmo tempo, a categoria dos trabalhadores por conta própria avançou 2,5% na mesma relação, de 22,5 milhões para 23,1 milhões.

“Isso mostra que, de alguma maneira, as pessoas estão com um sentimento um pouco mais otimista em relação ao futuro, acreditando que o pior já passou”, reforça Ciampolini.

Ele pondera, porém, que a incerteza política dos próximos meses pode influenciar na tomada de decisão dos empresários, principalmente porque também indica, possivelmente, uma demora ainda maior para a volta do emprego.

“Ninguém sabe das eleições mas, no geral, a decisão de abrir um novo negócio acontece na medida em que a pessoa que está desempregada enxerga que há uma oportunidade. De qualquer forma, ainda depende muito de quem entra para a presidência do País”, completa o executivo.

Canais digitais

Outro ponto relevante em relação à demanda de crédito para investimento diz respeito aos pedidos de empréstimos para investir numa empresa já existente. Na Lendico, o aumento foi de 134% nessa modalidade na região sudeste em julho deste ano contra o mesmo mês de 2017. No País como um todo, a alta foi de 105%.

O surgimento de fintechs e a crescente concorrência também colaboram para os pedidos de recursos pelas pequenas companhias, uma vez que não somente o cenário fica mais positivo mas as taxas oferecidas nos financiamentos também ficam menores.

Enquanto o número de fintechs cresceu 36% no último levantamento do FintechLab (de 244 em fevereiro de 2017 para 332 em novembro), o saldo de crédito do sistema financeiro registrou uma queda de 19,5% em junho deste ano contra igual mês do ano passado, de R$ 614,9 bilhões para um total de R$ 494,7 bilhões.

“Eu sou otimista porque as nossas taxas e inadimplência são menores do que as dos grandes bancos e os pedidos já mostram que as pessoas estão cada vez mais confortáveis em usar canais digitais e fintechs para o que antes só faziam em bancos. Isso é uma tendência e deve continuar”, conclui o fundador da Lendico.

http://www.sinfacsp.com.br/noticia/sobe-busca-de-credito-para-novos-negocios-dci