Fomento

Mudanças na Instrução CVM 356 devem aumentar importância da consultoria de crédito nos FIDCS

Realidade cada vez mais presente entre os players do fomento comercial, os Fundos de Investimento de Direitos Creditórios (FIDCs) foram passados a limpo na última quinta-feira (28/09), quando a Associação que representa o setor (ANFIDC) realizou seu “3º Encontro Nacional”.

Participaram do evento representantes do Banco Central e do Comissão de Valores Mobiliários (CVM), assim como executivos das empresas PVG Advogados, Bradesco Asset Management, Socopa, Central de Recebíveis (CERC) e Valora, debatendo a revisão da Instrução CVM 356 e os avanços do mercado para mitigar os riscos e custos dos FIDCs Multicedentes e Multissacados.

Empresários ligados ao SINFAC-SP também marcaram presença, tendo em vista a atuação de muitos titulares de factorings e/ou securitizadoras nesses fundos, que dentre seus aspectos favoráveis têm como base a captação de recursos externos.

Dentre eles, o próprio presidente do Sindicato, Hamilton de Brito Junior (Credere Consultoria e Fomento Mercantil), cujo FIDC comemorou recentemente seu quinto ano de existência.

“Gostei muito desse encontro, pois deixou claro que a Resolução 356, da CVM, vai promover mudanças favoráveis ao mercado, ao conferir maior importância à consultoria de crédito”, avalia o empresário e líder setorial.

Até então, o foco recaía prioritariamente sobre o gestor do fundo, uma figura considerada pro forma por Hamilton, enquanto a consultoria de crédito – na prática desenvolvida pelas factorings –, faz toda a parte de análise e aprovação.

Igualmente satisfeito com o que ouviu no lotado auditório do Hotel Renaissance, em São Paulo, estava o consultor jurídico do SINFAC-SP, Alexandre Fuchs das Neves.

Segundo ele, foi especialmente alentador ver que, dentre os pontos da Resolução 356 a serem revistos em consulta pública ainda este ano, está o limite de 20% de concentração das operações no mesmo grupo econômico, quando os fundos têm as chamadas partes relacionadas.

“O representante da CVM declarou estar sendo repensada essa situação, no tocante aos chamados fundos internos constituídos para comprar recebíveis das empresas dos próprios cotistas”, explicou o advogado.

Ao avaliar os resultados do Encontro, o presidente da ANFIDC, Paulo Schonenberg, disse que esse mercado tende a continuar crescendo, na mesma proporção da queda do custo de operação, proporcionada por incrementos como o emprego de tecnologia nas instituições de pagamento e a atuação das registradoras de títulos.

Também pesa a favor do segmento, no seu entender, o fato de o empresário tomador vir reconhecendo o FIDC como uma alternativa importante. “Vejo essa quebra de barreira como o principal voto de estímulo para que a expansão do segmento ocorra”, acrescentou.

Em contrapartida, ainda o preocupa a baixa rentabilidade que tem levado os fundos a buscar estruturas cada vez mais leves, com decréscimo no custo de captação e oferta da máxima segurança possível para o investidor.

Empresários

Detentor de um FIDC há 11 anos, o diretor de novos negócios do Sindicato, Everaldo Moreira (Valecred Soluções Financeiras), concorda que o alto índice de digitalização seja o ponto forte da área, com os adeptos desse segmento mostrando grande aderência aos novos tempos.

Paradoxalmente, o empresário de Tatuí identifica na própria tecnologia o grande ponto de interrogação relacionado ao futuro “A gente acha que as fintechs ou outras empresas vão acabar criando um mercado totalmente diferente do atual e ninguém sabe como isso vai ser. Certamente, quem não se mover rapidamente para acompanhar tais mudanças terá problemas”, ressaltou.

Na opinião de Enrico Daniele, do Daniele FIDC, essa modalidade de negócio tende a substituir a operação do factoring para quem tiver a tendência de expandir a carteira e captar recursos para atingir o market share dos bancos.

“Com essa crise que está aí, a gente entende que o FIDC substitui a operação das instituições financeiras, criando para o cliente uma operação de crédito com flexibilidade muito maior”, afirmou o empresário, que atua nesse segmento já há 10 anos, na mesma corporação também composta, há três décadas, por uma factoring.

Igualmente optou pelo caminho de diversificar suas atividades, até então já desenvolvidas por meio de factoring e securitizadora, a conselheira fiscal do Sindicato Doriana Pieri Bento (Pleno Fomento Mercantil), engrossava o coro dos que consideraram muito interessante o Encontro da ANFIDC.

“Nosso mercado é altamente dinâmico, sofre alterações constantemente, e além da presença dos órgãos reguladores, aqui nós encontramos muitos custodiantes e gestores, o que nos permite levar para casa um grande volume de informações importantes”, conclui a empresária campineira.

http://www.sinfacsp.com.br/noticia/mudancas-na-instrucao-cvm-356-devem-aumentar-importancia-da-consultoria-de-credito-nos-fidcs