Economia

Selic tem redução de 21%, mas crédito pessoal cai só 9%

De setembro do ano passado a setembro deste ano, a taxa básica de juros da economia, a Selic, baixou 21,2%. Estava a 8,25% e passou a 6,5%. Mas nenhuma taxa para o consumidor teve queda próxima a isso. A que caiu mais, do cartão de crédito, foi de 328% para 278% ao ano (-15%). O CDC foi de 28,1% para 24% ao ano (-14,7%). Os números são da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) e as taxas são todas anualizadas.

Os empréstimos pessoais nas financeiras tiveram uma redução de 11,1% nesse período de 12 meses (foram de 140,8% para 125,2%. Os juros no comércio caíram apenas 10% (de 92,5% para 83,3%). O empréstimo pessoal nos bancos teve queda de 9% (de 64,2% para 58,4%). Para variar, o cheque especial é o que menos teve redução - a taxa saiu de 303% para 282% (-7%). 

"Os bancos vão sempre justificar que há a inadimplência, o risco, o spread. Mas, na verdade, eles são muito ardilosos na hora de conceder o crédito", afirma Marcos Rambalducci, economista, professor universitário e colunista da FOLHA. Para ele, é o próprio banco que causa a inadimplência e depois cobra por ela ao conceder novos créditos. "O banco faz uma análise de crédito ruim, incentiva o cliente a tomar mais do que pode e depois esse cliente não consegue honrar seu compromisso. Aí, ao calcular suas taxas, o banco vai cobrar um porcentual relativo à inadimplência que ele mesmo gerou", critica. 

Rambalducci diz que, apesar desse comportamento dos agentes financeiros, a inadimplência vem caindo nos últimos meses e, portanto, os bancos terão de recalcular o valor cobrado por ela. A queda nas taxas, segundo o economista, vai depender muito do compromisso do próximo governo com o ajuste fiscal. 




JURÍDICA 

As taxas de juros para pessoas jurídicas caíram bem mais que as das pessoas físicas. Das três linhas acompanhadas pela Anefac, duas sofreram baixas maiores que as da Selic. A de capital de giro caiu de 32% para 22% ao ano (-30,8%). O desconto de duplicatas saiu de 38,64% para 27,5% (-28,6%). Somente na conta garantida a taxa caiu menos que a Selic. Passou de 151% para 133% (-12%). "O capital de giro está a 1,8% ao mês. Mas, dependendo da análise de crédito, pode ficar mais baixa. Tem empresa que consegue 0,8% (ao mês)", diz Maicon Putti, consultor da Ideia Consultoria. "Conforme a capacidade comprovada de pagamento, a taxa é menor", complementa. 

A queda dos juros, segundo ele, se deve à melhora na economia, principalmente à queda na inflação. Mas também ao baixo nível de investimentos feitos no País atualmente. "Está sobrando dinheiro (nos bancos). Como as empresas não estão tomando crédito, as taxas estão caindo", explica. 
Os investimentos não acontecem, segundo Putti, devido à insegurança do empresariado em relação à política. "Estão esperando a definição das eleições presidenciais", alega. 

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