Economia

Aumento de capacidade instalada terá volta gradual ao longo de 2019


 
As empresas brasileiras seguirão retomando investimentos de forma gradual ao longo de 2019, incluindo projetos de expansão da capacidade instalada que possam atender a recuperação mais forte da demanda no meio do ano.

É o que esperam as entidades empresariais e especialistas ouvidos. Segundo eles, há um ambiente benigno do ponto de vista macroeconômico, com inflação controlada e taxa básica de juros (Selic) em níveis historicamente baixos, além de uma redução do custo do crédito.
 

Porém, o assessor econômico da FecomércioSP, Altamiro Borges, ressalta que a consolidação de um cenário mais robusto de investimentos ainda depende de uma reforma da Previdência Social.

“A aprovação da reforma previdenciária é o que vai viabilizar um ajuste fiscal mais estrutural. Ao realizar as mudanças necessárias no sistema de aposentadorias, você estabeleceria condições de confiança para uma retomada do nível de investimento em patamares mais significativos”, comenta o especialista da FecomércioSP.

Por outro lado, ele destaca que há uma curva ascendente do nível de confiança dos empresários do comércio, não somente por conta das expectativas, mas também pelo crescimento das vendas do setor ao longo de 2018.

A diminuição do custo do crédito para a pessoa física (PF) e pessoa jurídica (PJ) ajudou a impulsionar a expansão do faturamento dos varejistas. “As taxas de juros caíram muito e isso ajudou a dar sustentação para o aumento das vendas”, afirma Borges. “Então, o que vimos ao longo de 2018, foi uma retomada do setor a partir de uma volta da confiança e do consumo”, completa.

Ampliação

O economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Marcelo Azevedo, afirma que o ano de 2019 será marcado por uma retomada gradual dos investimentos que aumentem a capacidade instalada. “A natureza do investimento ao longo do ano será, paulatinamente, mais voltado para a expansão da capacidade, ou seja, compra de novas máquinas e novas fábricas, no limite”, conta Azevedo.

“É isso que vai gerar mais emprego, porque, na medida em que você compra mais uma máquina e abre mais uma fábrica, você dá um bom impulso no emprego, o que ajuda a aumentar a demanda no curto prazo”, acrescenta. “É este cenário que estamos aguardando para 2019”, reforça. Na avaliação de Azevedo, a retomada da demanda deve ocorrer em meados do ano.

O professor de economia da Trevisan Escola de Negócios, Walter Franco, também está positivo com o cenário para o próximo ano. Na avaliação dele, as condições macroeconômicas estão “resolvidas” no País. Isso inclui inflação sob controle e juros baixos.

“A questão macro está resolvida no Brasil. Independentemente de governo, dificilmente o Banco Central deixará de ter autonomia, de controlar a inflação e manter o câmbio flutuante. Nem mesmo o Estado fugiria, agora, da busca pelo equilíbrio das contas públicas”, opina o professor da Trevisan.

Por outro lado, Franco destaca que a situação da previdência e de áreas microeconômicas, como o sistema tributário e os investimentos em infraestrutura são, ainda, bastante desafiadores.

“A questão micro é mais importante: vamos conseguir reformar o sistema tributário? Reduzir gargalos na área de infraestrutura? Como convencer a sociedade e ter apoio político para as privatizações? Creio que essas pautas serão mais desafiadoras”, destaca.

De acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os investimentos estão se recuperando desde outubro de 2017, nas comparações trimestrais anuais. Na margem, ainda há retração.

https://www.dci.com.br/economia/aumento-de-capacidade-instalada-tera-volta-gradual-ao-longo-de-2019-1.761750