Economia

Crédito deve ter em 2019 o melhor desempenho em 5 anos

Com a demanda de empresas voltando a crescer, o mercado brasileiro de crédito deve ter em 2019 seu melhor desempenho em 5 anos. Economistas e o BC indicam aumento de 1,8% a 5,7%, em termos reais, do estoque de empréstimos e financiamentos a PFs e PJs nos próximos 12 meses.

A expectativa é de que, diante de um cenário político e econômico mais claro, as companhias acelerem a produção e comecem, finalmente, a desengavetar planos de investimentos. Enquanto isso, as linhas para famílias devem continuar a trajetória de recuperação que começou a despontar já no fim de 2017.

“A perspectiva para o crédito não é dissociada desse otimismo que permeou a economia depois das eleições”, afirma Alberto Ramos, diretor do departamento de pesquisas econômicas do Goldman Sachs para América Latina.

O ambiente mais favorável também é perceptível numa disposição maior dos bancos para emprestar recursos. As grandes instituições financeiras do país vêm se mostrando mais dispostas a tomar risco à medida que os índices de inadimplência vão voltando à normalidade.

“À medida que o risco político e a nebulosidade na economia diminuem, os bancos reduzem o spread, e o crédito fica mais barato para as pessoas físicas e jurídicas”, diz Bruno Lavieri, economista da 4E Consultoria.

Isso não significa que as instituições financeiras vão abrir as torneiras de forma generalizada. Os bancos têm priorizado linhas de baixo risco e boa estrutura de garantias, como consignado, veículos e financiamento imobiliário, no caso das pessoas físicas.

Nos empréstimos às empresas, o foco são as operações atreladas a recebíveis, como os de cartão de crédito. O crédito “careca”, sem colateral, praticamente sumiu do mercado e dificilmente voltará tão cedo.

Da mesma forma, as linhas de crédito oferecidas às grandes companhias são de prazo mais curto do que no passado — consequência de regras mais duras para o capital dos bancos e do baque provocado pelo calote de alguns dos maiores grupos empresariais do país nos últimos anos.

Por isso, a tendência é que o mercado de capitais continue sendo um caminho para as grandes empresas que precisam de dinheiro de longo prazo, até porque a fonte de recursos baratos do BNDES também secou.

“O crédito às pessoas jurídicas cresce num ritmo menor do que o da pessoa física porque houve muito fechamento de empresas durante a crise e, entre as que sobreviveram, muitas estão buscando fontes alternativas, como por exemplo as linhas de grandes empresas para seus fornecedores ou o mercado de capitais”, aponta Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi).

Para economistas, a expansão do crédito em 2019 será impulsionada pelas instituições financeiras privadas, em operações com recursos livres, uma vez que o desequilíbrio fiscal tem feito os bancos estatais recuarem nas concessões com crédito direcionado.

As projeções da Acrefi, por exemplo, mostram um crescimento real de 11% no crédito livre neste ano, e de 1% no direcionado.

A medida é vista com bons olhos por economistas que acreditam que, à medida que o crédito direcionado é reduzido, a política monetária ganha mais eficiência e o mercado de capitais pode se desenvolver mais rapidamente.

Algumas características desse ciclo de crescimento do crédito devem torná-lo mais sustentável, na avaliação dos especialistas ouvidos pelo Valor. Entre elas, está a reduzida participação do crédito na economia, frente ao histórico recente no Brasil e na comparação com outros países.

A participação do crédito no produto interno bruto, que chegou a 54% no fim de 2015, está em torno de 46%. Os analistas do Goldman Sachs enxergam espaço para a fatia crescer 500 pontos-base no médio prazo.

Além disso, há um peso menor do serviço da dívida (juro mais principal) para o orçamento das famílias, principalmente no financiamento imobiliário, que chegou a ser de 21,4% em 2011, mas diminuiu a 17,5%.

“Com os spreads atuais, qualquer crescimento na renda familiar (derivado de uma queda no desemprego, por exemplo) pode se transformar em uma aceleração sustentável no crescimento do crédito”, dizem os analistas do Goldman Sachs, em relatório.

Fonte: Talita Moreira e Flávia Furlan, do Valor

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