Economia

FIDCs: Um ano cheio de boas perspectivas

Por Edson Hydalgo Junior, commercial officer da Intrader DTVM

A chegada de 2019 aponta com algumas boas notícias para o mercado de FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios), que são valores a receber, como duplicatas, carnês, empréstimos ou cheques que uma empresa ou instituição vende para um fundo com desconto. O ano de 2018, embora com as eleições e com a economia patinando, como em exercícios anteriores, representou um período de maturação, com aumento em volume e Patrimônio Líquido (PL) para o segmento.

Agora, temos a frente algumas mudanças e possibilidades para continuarmos a crescer. O Banco Central tem se movimentado para que esse mercado seja um pouco mais regulamentado e uma demonstração desse esforço é a homologação de uma plataforma para registro de duplicatas, a Central de Recebíveis (Cerc).

Isso significa, por exemplo, que se você tem um pagamento a receber, após vender alguma mercadoria ou serviço, eu posso comprar esse recebível e registrar o título na plataforma. Caso você queira vender esse mesmo ativo uma segunda vez, a pessoa poderá checar na Cerc e verá que o recebível já está sob propriedade de uma outra pessoa.

Esse tipo de ferramenta e solução garante uma segurança muito maior para o setor, reforçando a tendência de crescimento dos FIDCS. Mais profissionalizado e saindo da informalidade para ser um segmento mais regulamentado, a tendência é de que novos players entrem nessa modalidade de investimentos e, consequentemente, os níveis de taxa devem cair, fazendo com que o mercado cresça.

Uma pauta interessante a avaliar é como os bancos vão reagir a essas mudanças, com a abertura de um mercado que hoje é pouco explorado. Hoje, essas instituições realizam empréstimos via capital de giro ou outras modalidades, e o movimento atual pode abrir os olhos para o mercado de FIDC. Nesse caso, vamos acompanhar também quais taxas seriam praticadas.

Adicionalmente, precisamos perceber a velocidade com que os players que estão no mercado, no caso os fundos atuais, vão incorporar essa nova ferramenta. Todas essas novas soluções têm um período de adoção e maturação, mas certamente a tendência é de que ao longo do ano tenhamos um crescimento forte e muito alinhado com essa nova realidade.

Outra boa notícia para o segmento veio com um ajuste do Conselho Monetário Nacional (CMN) na Resolução 2.907/2001, permitindo maior flexibilização para a CVM (Comissão de Valores Mobiliários para estabelecer normas sobre o mercado de FIDC. Essa mudança tem como pontos principais a possibilidade de permitir a aplicação em Fidcs por investidores não qualificados, isto é, de varejo, e o fim da necessidade de estabelecer valores de investimentos mínimos para a aquisição de cotas. Atualmente, é preciso ser qualificado, o que significa ter mais de R$ 1 milhão em aplicações para adquirir cotas de FIDC.

Quando pensamos em crescimento para o próximo ano já trabalhamos no mercado com percentuais variando entre 15% e 20% de Patrimônio Líquido (PL). A minha expectativa, a partir da entrada em vigor desses novos processos, é de que podemos conseguir números maiores, chegando a 30%, entre o final de 2019 e começo de 2020.

Estamos a depender, como sempre, da nossa economia. E o segmento de FIDC anda sempre lado a lado com o ambiente de negócios, afinal, trabalhamos fomento mercantil.

https://moneytimes.com.br/fidcs-um-ano-cheio-de-boas-perspectivas/