Economia

A crise e a ´rave jurídica´

Se a crise devastou setores inteiros da economia, pelo menos dois segmentos advocatícios “vão bem, obrigado”– como se costuma dizer. Além dos penalistas que enriqueceram defendendo os enrolados com a Lava Jato, a recessão acirrou a competição do bilionário mercado de administradores judiciais. A partir de 2014, início da recessão, e até abril último, 6.806 recuperações judiciais foram pedidas no Brasil, o dobro dos cinco anos anteriores, segundo a Serasa Experian.

Hoje, os 20 maiores casos envolvem débitos de R$ 156,8 bilhões. A lista tem as diversas empresas abatidas na Lava-Jato - como OAS e Sete Brasil - passando pela telefônica Oi, até casos recentes, como os da Livraria Saraiva e da aérea Avianca.

A fila de casos cada vez mais complexos atraiu novos administradores, profissionalizando um serviço que costumava ser só uma atividade paralela de advogados e contadores.

As dívidas de todas as empresas em recuperação e em falência no país somam atualmente R$ 283 bilhões, mas 55% desse valor referem-se só aos 20 maiores casos – segundo levantamento do jornal O Globo.

“bolo” da Oi é o maior: as dívidas chegam a R$ 63 bilhões. O Escritório de Advocacia Wald, Antunes, Vita, Longo e Blattner Advogados ganhará (e já está recebendo) R$ 99 milhões como administrador judicial. O valor é explicável pelos superlativos presentes: 55.080 credores, em um processo já com 370 mil folhas.

Os autos já têm 41 mil acordos firmados em mediação. Embora só uma assembleia de credores tenha sido realizada, ela durou 15 horas. Precisou do espaço do Riocentro e ganhou o apelido de “rave jurídica”.

https://www.espacovital.com.br/noticia-36998-administradores-judiciais-disputam-reestruturacao-dividas-bilionarias