Economia

Crédito corporativo deixa o negativo e aumenta 0,3% para R$ 1,424 trilhão


 
O saldo geral de crédito corporativo deixou o sinal negativo e avançou 0,3% em maio de 2019, para R$ 1,424 trilhão, ou R$ 3,9 bilhões acima do volume total de R$ 1,42 trilhão registrado no mesmo mês do exercício anterior (2018).

Na opinião de especialistas consultados, a leve recuperação do financiamento às empresas foi puxada pelos empréstimos com recursos livres concedidos pelos bancos comerciais (+9,4%), enquanto o saldo com recursos direcionados encolheu 9,6% neste mesmo intervalo de 12 meses.

“Esse pequeno avanço só confirma os dados de uma recuperação bastante lenta da economia brasileira”, observou o professor da Faculdade Fipecafi Marcelo Cambria.

Sobre as expectativas para o segundo semestre, o acadêmico apontou que a busca de crédito para investimentos deve ocorrer após a aprovação das reformas. “As empresas preferem uma visão melhor para planejar seus investimentos de longo prazo”, argumentou.

Para o economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Nicola Tingas, o crédito tomado pelas empresas ainda é de curto prazo. “Nós perdemos velocidade na expansão da atividade econômica no primeiro semestre, mas o PIB [Produto Interno Bruto] tende a voltar. Quando passar a reforma da Previdência e mais medidas serem anunciadas, a tomada de crédito [para investimentos] deve ganhar corpo no terceiro trimestre e principalmente no quarto trimestre”, aponta o economista.

O Banco Central (BC) informou ontem que: a expansão do crédito continuou expressiva nas operações com recursos livres (55% do crédito total), tanto para pessoas físicas, quanto para empresas. O crédito livre às famílias alcançou R$ 1 trilhão, com expansões de 1,6% no mês e de 14% em doze meses. No mês, destacaram-se as operações de crédito pessoal (consignado e não consignado), cartão de crédito à vista e financiamentos de veículos.

Ao passo que o crédito livre para pessoas jurídicas atingiu R$ 810 bilhões (+1,2% no mês e +9,4% em doze meses). “Destacando-se na variação mensal os descontos de duplicatas e recebíveis, as aquisições de veículos, os empréstimos de capital de giro e os adiantamentos sobre contratos de câmbio. A carteira de capital de giro vem apresentando recuperação, refletida em aumento de 19,2% nas concessões acumuladas no ano, comparativamente ao registrado em igual período de 2018”, relatou o BC em comunicado.

Em nota, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) observou que o quadro geral em 2019, porém, continua sendo de acomodação do ritmo de novas operações, devido a dois obstáculos presentes: retração do crédito oficial, em particular do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e o esgotamento do ciclo de redução dos juros dos empréstimos.    

“Um dos motivos por trás desta perda de dinamismo dos empréstimos às empresas está o custo dessas operações, que desde junho do ano passado parou de cair, com sua taxa média de juros oscilando em torno de 15,8% ao ano desde então”, relatou o instituto.

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