Economia

Futuro é digital, mas brasileiro também quer agência bancária

Ninguém duvida que a digitalização das operações financeiras é um caminho sem volta, mas o brasileiro que usa a internet quer uma agência bancária por perto, ainda que evite, a todo custo, ir até ela.

Equacionar essa aparente contradição pode fazer a diferença na corrida de bancos e “fintechs”, as empresas de tecnologia voltadas para serviços financeiros, pela preferência do consumidor.

Uma pesquisa que acaba de ser finalizada pelo Instituto Qualibest mostra que 81% dos internautas no país acredita que é importante ou muito importante a existência de agências físicas. Ao mesmo tempo, 65% dos entrevistados com conta bancária prefere o atendimento por aplicativo ou “internet banking”.

“As pessoas querem ter onde reclamar se tiverem algum problema”, diz Claudio Nogueira, gerente de pesquisa do Instituto Qualibest, que coordenou o estudo “Banking e Fintech Insights”. Para ele, essa demanda pode levar empresas de serviços totalmente digitais a ter algum ponto de apoio físico — o mesmo papel que lojas-conceito exercem nas operações de comércio eletrônico.

Sob esse ponto de vista, grandes varejistas podem ter uma vantagem ao oferecer carteiras digitais, crédito e outros serviços financeiros. A mesma pesquisa também mostra que 25% das pessoas que não têm conta em banco possui pelo menos um cartão de crédito — associado, na maior parte das vezes, a uma rede de varejo. Os “desbancarizados” representam 23% dos entrevistados.

As entrevistas, feitas pela internet com 1.631 homens e mulheres acima de 18 anos em todo o país entre o fim de novembro de 2018 e início de janeiro de 2019, mostraram que 67% têm pouco ou nenhum conhecimento sobre bancos digitais. Esse percentual diminui entre os entrevistados de maior renda e também entre os mais jovens.

A insegurança com a ausência de agências físicas é maior entre aqueles que só ouviram falar de bancos digitais (50%). Entre os que declaram conhecer essa categoria, o percentual cai para 24%. Na avaliação de Nogueira, os dados mostram a necessidade de “ensinar” a população sobre o funcionamento desses serviços. “O conhecimento é alma do negócio para fintechs e bancos digitais decolarem”, diz.

Esse processo já está em curso. Empresas que conseguem comunicar a facilidade de acesso ou a cobrança de menores taxas — dois grandes atrativos na hora de escolher um prestador de serviço financeiro, segundo o levantamento — já se destacam. O Nubank, por exemplo, já aparece como banco de relacionamento de 8% dos entrevistados, citado em sexto lugar depois de Caixa Econômica Federal, Bradesco, Banco do Brasil, Itaú e Santander (percentual que cresce entre pessoas de 20 a 29 anos das classes A e B).

Fonte: Luciana Marinelli, do Valor

http://www.fintechspress.com/18-destaques/2399-futuro-e-digital-mas-brasileiro-tambem-quer-agencia-bancaria