Economia

A evolução do sistema financeiro tradicional

O mercado de fomento de crédito empresarial passa por constantes aperfeiçoamentos em meio a diversificação dos serviços financeiros a flexibilização no formato de atendimento, aliado a tecnologias que geram agilidade e previsibilidade do negócio. Estes pontos são os principais agentes de mudança do sistema tradicional, que geram cada vez mais oportunidades para que fintechs e Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) acirrem a concorrência e ofereçam serviços como os bancos.

A ampla gama de serviços financeiros disponíveis às empresas permite o auxílio em diversas frentes do negócio que vão desde a antecipação de crédito, linhas de capital de giro, a operações estruturadas de crédito.

Para serviços desta complexidade, as instituições financeiras solicitam às empresas informações contábeis, patrimonial e gerencial e muitas vezes os empresários resistem em disponibilizar tais dados, apresentando dificuldades na obtenção desses recursos. Desta forma, manter as pendências financeiras regularizadas, ter um bom relacionamento com a instituição financeira e pleitear valores equivalentes ao histórico de movimentação da empresa, são alguns dos requisitos comuns para a obtenção de crédito com os bancos.

Enquanto os bancos seguem uma metodologia mais morosa no processo de concessão de crédito ou de antecipação de recebíveis, justificada em parte, pelo porte do negócio, a evolução digital permite gerar um novo modelo na entrega de serviços e produtos financeiros.

Desde 2016 a taxa de crescimento do mercado de FIDC vem superando a de crédito bancário, e isto reflete a capacidade do mercado de FIDC em atender de forma diversificada e customizada as demandas típicas das empresas. A expectativa para 2019 não é diferente, já que de acordo com o Banco Central do Brasil o saldo do crédito concedido pelos bancos deverá crescer 6,5% no ano vigente, enquanto o mercado de FIDC deverá se expandir dois dígitos em 2019, 10%.

A adaptação de produtos e serviços em todos os setores em função dos avanços tecnológicos não é de hoje, e se intensificou em alguns mercados, como no mercado financeiro. As startups financeiras aprendem com as dificuldades desse modelo tradicional e passam a estimular cada vez mais novas normas regulatórias de flexibilização da oferta de crédito e se destacam pela oportunidade evidente no setor.

Muitas empresas ainda utilizam os bancos por simples desconhecimento em relação às alternativas de antecipação de crédito mais ágeis, transparentes e personalizadas, como os FIDCs, que vêm inovando o mercado de securitização. O destaque dos FIDCs está no atendimento aos clientes em apresentar uma solução taylor made, ou seja, customizada de acordo com a necessidade de cada cedente.

Enxergar oportunidades de crescimento em tempos difíceis e alavancar o faturamento de uma empresa usando recursos alternativos na obtenção de crédito são alguns dos desafios dos empresários.

Mais importante do que rentabilizar é necessário fazer sentido para ambas as partes, em analogia à “Teoria dos Jogos na Microeconomia”, sistematizada pelo matemático John Von Neumann e pelo economista Oskar Morgenstern em 1944, considerando a relação ganha-ganha, quando os empresários mais atentos às oportunidades buscam caminhos seguros, porém ainda pouco explorados no cenário nacional de crédito, como os FIDCs.

As empresas que atuam neste segmento são especializadas no setor de fomento mercantil, tendo como base elevado investimento em tecnologia com atualizações recorrentes pautadas em preditivos customizados considerando o comportamento histórico do cliente e expectativas macroeconômicas – além de realizar a cessão de créditos.

Diante da tendência global e do processo alternativo de movimentação financeira fora das instituições tradicionais, a tecnologia se evidencia como grande diferencial na prestação de serviços para a obtenção de crédito de forma rápida e segura.

Representando as mudanças no setor, há inúmeras ferramentas e soluções que apoiam ou alteram os tradicionais formatos de gestão, análises de risco, avaliação comportamento do cliente, armazenamento de dados, segurança e transparência das informações, além do próprio gerenciamento de crédito.

Essa rotina do setor são amparadas hoje por recursos dotados de computação em nuvem, blockchain, big data, inteligência artificial, criptografia, entre outras tecnologias digitais. E embora algumas frentes de negócio ainda usem poucos desses recursos, certamente não estão fechando os olhos para os avanços eminentes, já que o foco dessa evolução não está apenas na facilidade, mas na redução de custos e na agilidade obtidas para ambas as partes, ou seja, tanto do lado de quem administra o recurso como do lado de quem toma o crédito.

A evolução do sistema financeiro é um reflexo não só das necessidades dos clientes, mas também, do hiato gerado em um cenário onde a competição é estimulada em termos de novas ideias, conceitos e condições de tomada de crédito pelas empresas. Ou seja, a dinâmica de captação de recursos dos clientes e a concessão de crédito por parte dos bancos é alterada em novos modelos de negócio, como os FIDCs, que tem os recursos de seus acionistas e investidores como fonte de antecipação de recebíveis.

Outro ponto é a própria inclusão no mercado bancarizado, que possibilita a tomada de recursos de empresas que não estão tomando crédito em instituições financeiras pelas mais variadas razões. Com a ajuda das plataformas digitais, é possível visualizar as melhores propostas, analisar as condições mais favoráveis e optar pelo que julgar mais vantajoso.

Com um patrimônio líquido consolidado de R$17,43 bilhões, o segmento Multicedente Multissacado (MM) dos FIDCs representa uma fatia de 17% do mercado total, segundo a principal instituição que representa o setor, a UQBAR. Este segmento é um dos mais destacados do mercado nacional de fundos de investimento em direitos creditórios, não só pela sua dimensão crescente como pela sua importância no fomento de pequenas e médias empresas – de acordo com a 12º edição do anuário de Fundos de investimentos em direitos creditórios da UQBAR.

Dessa forma, as empresas conseguem captar recursos para manter seu ciclo operacional e de vendas em dia sem ter que pagar juros altos e enfrentar burocracia. Os FIDCs são uma opção de crossover com demais produtos e serviços bancários, e vêm contribuindo com a expansão dos negócios em diversas cadeias produtivas, seja na indústria, no comércio ou na prestação de serviços, além de fomentar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

*João Paulo Fiuza e Everaldo Moreira são sócios-fundadores da One7

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