Economia

Crédito indica recuperação da atividade, diz LCA

As concessões de crédito mais relacionadas à atividade aceleraram em junho e julho, o que mostra que a recuperação econômica pode ter ganhado força no período, segundo levantamento da LCA Consultores. Nos dois meses, as concessões do chamado “crédito cíclico” cresceram de 11,5% e 15%, respectivamente. Os números são medidos em média móvel trimestral e comparados com o mesmo período do ano anterior.
“Houve uma puxada para cima” em ambos os meses, diz Vitor Velho, economista da LCA.

Entre janeiro e maio, o indicador já apresentava alta, mas abaixo dos dois dígitos. A expansão média no período foi de 9,3%.

No cálculo do crédito cíclico, entram, por exemplo, duplicatas e capital de giro, para medir o desempenho das empresas. No caso das pessoas físicas (PF), crédito pessoal, cartão de crédito e financiamento imobiliário.

Além da expansão do crédito cíclico, o mês de junho mostrou aceleração do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). O indicador da autoridade monetária teve alta de 2,3%, usando a mesma base de comparação do crédito cíclico. Nos cinco meses anteriores, a expansão média havia sido de 1,8%.

O aumento nas concessões do crédito cíclico, entretanto, não necessariamente será todo direcionado para a atividade econômica. De acordo com Velho, o índice de composição da dívida para PF (que mostra a quantidade de dívidas que vêm sendo renegociadas por outras linhas, possivelmente mais baratas) apresentava alta de 29,9% nos 12 meses até julho. Ou seja: parte do aumento das concessões pode estar sendo usada pelas famílias para “rolar a dívida”.

Há ainda outros fatores que devem limitar o impacto do crescimento do crédito cíclico sobre o consumo das famílias. Velho lembra que um dos principais vetores da concessão de crédito para PF é o emprego formal. No trimestre encerrado em julho, porém, os trabalhadores informais representavam 41,3% da população ocupada, contra 40,9% no trimestre encerrado em abril. Além disso, dos 2,218 milhões de empregos criados em um ano, somente 233 mil foram com carteira.

Os spreads (diferença entre o custo de captação dos bancos e o quanto eles cobram pelos empréstimos) ainda elevados também seguram as concessões de empréstimos para as famílias. “As pessoas físicas são mais dependentes dos grandes bancos de varejo”, diz.

Para uma empresa, é mais fácil acessar outros canais de crédito, emitindo uma duplicata, por exemplo. Assim, a tendência é que as companhias estejam sendo mais beneficiadas pela expansão do crédito cíclico.

Apesar da alta do crédito, a LCA ainda espera uma expansão lenta da atividade neste ano, com alta de 1% do Produto Interno Bruto (PIB). A previsão preliminar para o IBC-Br de julho é de estabilidade em relação ao mês anterior, no cálculo dessazonalizado. Entre os indicadores que compõem o IBC-Br, só a produção industrial foi divulgada até agora, com queda de 0,3%. “Foi um resultado ruim, abaixo da expectativa. Mas a composição chama a atenção”, diz, destacando resultados positivos de bens de capital (ligados a investimentos) e insumos da construção civil. Nesta semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o desempenho do varejo e dos serviços em julho, o que permitirá uma análise mais completa da atividade.

Outros sinais favoráveis foram a geração de empregos, formais e informais, e o desempenho de indicadores de confiança, segundo ele. Novas quedas da taxa básica de juros devem impulsionar, mais uma vez, as empresas até o fim de dezembro. A LCA calcula que a Selic encerrará 2019 em 5,25% ao ano.

https://www.sinfacsp.com.br/noticia/credito-indica-recuperacao-da-atividade-diz-lca-valor-economico