Economia

Economia cria grupo para resolver embate em pagamentos

O Ministério da Economia decidiu criar um grupo de trabalho e coletar propostas para resolver um embate entre pequenas empresas de pagamento e grandes credenciadoras e bandeiras, diante do receio de que milhões de empreendedores e empresas fiquem desassistidos em meio à crise de covid-19.

Cada lado será representado por três participantes, que deverão apresentar propostas para solução dos seguintes problemas: o fato de credenciadoras e bandeiras exigirem apresentação de garantias e informações de clientes de pequenas empresas de pagamento, as quais resistem por considerar as práticas anticompetitivas.

Entre as propostas que devem ser colocadas na mesa durante as discussões, no caso pelas pequenas empresas de pagamento, está o uso da própria Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), regulada pelo Banco Central, para o compartilhamento das informações de seus clientes, mas de maneira consolidada.

A preocupação do Ministério da Economia é com um contingente de empreendedores e empresas que usam marketplaces e subcredenciadoras como solução de pagamento para vender seus produtos. Dados do mercado apurados antes da pandemia indicavam 57 milhões de pessoas entre esses empreendedores.

Com a restrição da atividade econômica e da liquidez, por conta da aversão a risco por parte de investidores e bancos, marketplaces e subcredenciadoras têm encontrado problemas para manter suas atividades, agravados agora com as exigências de bandeiras e credenciadoras.

A ideia é que a CIP possa encaminhar com frequência relatórios sobre repasses efetivamente feitos pelas subcredenciadoras e marketplaces aos seus clientes, em conjunto com os valores do fluxo recebido nas maquininhas, de forma que se possa analisar o risco sistêmico do mercado. “O risco sistêmico é possível de ser mensurado com os dados agregados e padronizados que a CIP pode encaminhar”, diz Vitor Magnani, presidente da Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O).

Com as informações mais detalhadas, acredita-se que as credenciadoras possam passar a exigir menos garantias das subcredenciadoras, outro ponto de reclamação por parte do mercado.

Subcredenciadoras e marketplaces, no entanto, tenderiam a não aceitar a ideia de que outra empresa ou associação faça o papel de repassar as informações às bandeiras e credenciadoras. Mesmo que a CIP seja dos bancos, a percepção é de que, por ser regulada pelo Banco Central, sua ação está mais controlada para favorecer o mercado como um todo.

Os assuntos foram tratados em reuniões entre as partes, mas um novo encontro virtual está marcado para esta semana. Segundo o Valor noticiou, o inicio das discussões se deu com queixa da ABO2O sobre suspensão de antecipação de recebíveis, exigências de informações de clientes e pedido excessivo de garantias pela Cielo.

Ainda entrou na pauta queixa direcionada às bandeiras, que exigiram informações cadastrais e transacionais de clientes. As bandeiras dizem que estão amparadas pelo regulador, para controle do risco do sistema de pagamentos.

https://www.sinfacsp.com.br/noticia/economia-cria-grupo-para-resolver-embate-em-pagamentos-valor-economico