Fomento

Banco de fomento empresta 118% mais no semestre a MPE

As operações de crédito de bancos de fomento subnacionais com micro e pequenas empresas cresceram 118% no primeiro semestre deste ano, com a atuação anticíclica dessas instituições em meio à pandemia. A informação foi dada ao Valor por Sergio Suchodolski, novo presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), entidade que congrega as instituições de fomento do país. Em valores nominais, foram repassados R$ 1,82 bilhão para as empresas de menor porte, sem contar a atuação do BNDES, que faz parte da associação.

O novo executivo, que também preside o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), avalia que o setor tem passado por um processo de revisão de funding (fontes de financiamento) e menor dependência do BNDES. “O importante é que passamos de um modelo de alta concentração e dependência do BNDES para uma certa desconcentração em muitos casos”, disse. Ele cita o caso do próprio BDMG, que já teve mais de 50% de suas operações atreladas ao banco federal e agora esse percentual está em torno de 5%.

Nos últimos anos, o BNDES tem reduzido seu tamanho, por conta da avaliação política de que é necessário diminuir o crédito subsidiado no país. Além da queda de desembolsos e repasses do banco federal, o desenho financeiro de suas operações mudou com a Taxa de Longo Prazo (TLP), que praticamente eliminou subsídios em seus financiamentos.

Nesse sentido, Suchodolski destaca o crescimento de alternativas como emissões próprias de títulos, letras de crédito, e também maior relação com agências internacionais de crédito e organismos multilaterais e com fundos garantidores. “Isso é algo interessante e diferente da atuação na crise de 2008/9. É um novo modelo e mesmo assim tem tido um volume expressivo”, disse.

O executivo comenta que a mudança em curso no modelo de atuação das instituições não significa que elas perderam sua função anticíclica. “A redução do modelo de subsídios criou novas oportunidades”, disse, mencionando o dado de crescimento das operações com empresas de menor porte. Segundo o executivo, houve aumento geral da demanda geral por crédito em decorrência da pandemia, mas parte disso também foi para investimentos, por exemplo no setor de saúde.

Ele aponta que a sua linha de gestão à frente da ABDE visa reforçar a busca por fontes vinculadas à sustentabilidade ambiental, tema que tem se tornado cada vez mais relevante na sociedade. “É um momento de ressignificar os bancos de desenvolvimento e em modelo diferente do passado... Nossa prioridade é essa diversificação, ligada à agenda global”, disse. “Temos alguns produtos saindo do forno, como na área de eficiência energética, assistência técnica para projetos verdes, espalhados pelo Brasil inteiro”, completou.

Outro ponto importante para Suchodolski é estimular o papel dessas instituições na estruturação de projetos de infraestrutura. “Em vários níveis, federal, estadual e municipal. É uma agenda muito ativa nesse momento”, afirmou o executivo.

https://www.sinfacsp.com.br/noticia/banco-de-fomento-empresta-118-mais-no-semestre-a-mpe-valor-economico