Economia

4 avaliações sobre o acesso ao crédito durante a pandemia

Ter acesso ao crédito é importante para que micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) façam a manutenção das atividades e continuem em funcionamento, sobretudo em um período de crise, como a pandemia de Covid-19. Cientes disso, especialistas apresentaram instrumentos financeiros que visam facilitar o acesso a linhas de financiamento no painel “Crédito e Financiamento para os pequenos negócios”, no Fórum Íbero-americano de MPMEs – Pense nas Pequenas Primeiro, nessa terça-feira (26).

O evento, que reúne representantes de governos e do setor privado dos países ibéricos e latino-americanos, tem como tema central é “Recuperação e crescimento das pequenas empresas ibero-americanas” este ano.

Confira, a seguir, a opinião de cada painelista que participou desse segundo dia de fórum:

Para o subsecretário de Desenvolvimento das Micros e Pequenas Empresas, Empreendedorismo e Artesanato do Ministério da Economia, Fábio Silva, para que as empresas brasileiras consigam se reerguer, é importante ter um ambiente de trabalho saudável, além de condições financeiras.

“Entendemos que o acesso ao crédito é fundamental, mas tem um contexto muito maior no dia a dia dessas empresas. É importante ter um ambiente de trabalho mais leve, liberdade para empreender no país, gerar emprego e gerar renda de forma responsável e saudável”, explicou o subsecretário, que também incentivou a formalização dos microempreendedores individuais (MEIs).

“Cerca de 13 milhões de pessoas que estavam informais e invisíveis para a sociedade se regularizaram graças aos instrumentos que oferecemos de forma online e simplificada. É o que buscamos: oferece um ambiente de negócios simples”, disse Silva, que participou do evento presencialmente, no estúdio da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Enquanto isso, o presidente da Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC), Elias Sfeir, apontou a sustentabilidade como a “chave” para que as empresas tenham condições de crédito diferentes. “Se você for criar uma empresa, pense nos pontos sustentáveis, pois a tendência é que as MPMEs que seguem as normas ambientais tenham mais benefícios para acessar linhas de financiamento”, sugeriu Sfeir.

Além disso, o especialista incentiva a renegociação de débitos entre empresas e instituições financeiras, com a extensão de prazos ao invés de negativar um CNPJ; falou sobre como a pandemia acelerou a transformação digital e como isso impactou o acesso ao crédito; e deu dicas para empresários que pretendem solicitar crédito agora e no futuro.

“Antes de tomar empréstimo, categorize. ‘Eu preciso do crédito? Para que eu preciso desse crédito?’ Cheque outras possibilidades como antecipar recebíveis. Cheque se tem uma boa nota de crédito. Fala um plano de negócio para calcular taxas e riscos de danos. Se prepare para a burocracia, pois ela existe, então mantenha os documentos atualizados”, propôs o presidente da ANBC. “Nem sempre o local onde você tem uma conta bancária é o melhor lugar para solicitar crédito”, complementou ele, com a dica para que MPMEs procurem a linha de financiamento certa, independente da instituição.

O vice-ministro de Desenvolvimento do MIPYME do Ministério da Economia (MINECO), da República da Guatemala, Sigfrido Lee Leiva, também pontuou o fato da pandemia ter acelerado processos em todo o mundo. “A crise acabou acelerando várias reformas que estavam pendentes. Por um lado, foi bom. Queríamos ter as soluções e os instrumentos que temos agora, antes da crise”, explicou Lee Leiva.  

Para ele, um dos obstáculos que foi resolvido e será definitivo pós-pandemia era a falta de diversificação de instrumentos financeiros.

“Compreender a necessidade de flexibilizar esses instrumentos foi fundamental. Fundos de garantias de crédito são muito importantes para reestruturar a economia de um país. Queremos ter uma perspectiva melhor para o futuro e para isso precisamos facilitar o fluxo de capitais para as MPMEs se reerguerem com sucesso. Nem tudo pode ser dívida nesse momento. Queremos voltar ao estilo de vida de antes, mas com outras condições”, defendeu o vice-ministro da Guatemala.

Por fim, mas não menos importante, a representante da Europa do Grupo Financeiro Lafise, Elisabeth Saavedra, defendeu a participação das mulheres na gestão de MPMEs no mundo e a necessidade de uma educação financeira para todos.

“Precisamos informar as pessoas para que elas não tenham medo das instituições financeiras. Com base em uma pesquisa que realizamos, notamos que as mulheres têm medo de solicitar crédito por receio de serem enganadas e pagarem taxas maiores. Por isso, pretendemos criar uma iniciativa voltada para a inclusão das mulheres nas finanças”, apontou Elisabeth.

Como representante do setor privado, ela também defendeu a importância de ter o apoio do governo em toda e qualquer ação para as MPMEs; explicou que personalizar o atendimento e colocar o cliente no centro é a melhor estratégia para as instituições financeiras, pois cada empresa possui um ciclo produtivo; e incentivou que as pessoas busquem formalizar os negócios para que tenham acesso aos benefícios que podem ajudar as empresas a crescerem.

O painel foi moderado pelo diretor de Análise e Avaliação Técnica, Setor Privado do CAF Banco de Desenvolvimento da América Latina, Juan Elorza. 

Inovação aberta é tema do terceiro dia de fórum

Os painéis do dia 25 e 26 de outubro do Fórum Íbero-americano de MPMEs – Pense nas Pequenas Primeiro podem ser acessados no site do evento, no qual também pode ser feita a inscrição para o último dia.

O terceiro dia será dedicado ao Fórum Ibero-americano de Inovação Aberta, realizado na Espanha e, também, transmitido pela InEvent. Confira a programação a seguir:

Quarta-feira (27/10)

10:00 – 11:00 | Painel 1 – Iniciativas públicas de inovação aberta

11:00 – 12:00 | Painel 2 – Venture Corporate: casos de sucesso na ibero-américa

12:00 – 13:00| Painel 3 – Desenvolvimento da indústria de capital empreendedor na ibero-américa

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