Economia

Com covid-19 mais controlada, crédito deve ter expansão anual de 16% em março, diz Febraban

O saldo total da carteira de crédito deve seguir em expansão em março, com alta estimada de 1,2% no mês. O avanço deve ser liderado pelas operações com recursos livres (+1,7%), de acordo com a Pesquisa Especial de Crédito da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Em 12 meses, a carteira deve chegar a alta de 16%.

A pesquisa da Febraban é divulgada mensalmente como prévia da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central, e as projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país, que representam de 38% a 88% do saldo total do Sistema Financeiro Nacional, dependendo da linha, além de outras variáveis macroeconômicas que impactam o mercado de crédito.

O levantamento se torna ainda mais importante neste momento, em que a greve dos servidores do Banco Central tem atrasado a divulgação de diversos indicadores, inclusive da nota de crédito.

“A tendência é ter um ano com maior acomodação do ritmo de crescimento do crédito devido ao cenário de arrefecimento da atividade econômica, com alta mais acentuada da Selic para conter a inflação. Mesmo assim, neste primeiro trimestre, os resultados para a expansão anual da carteira total de crédito continuam, até de forma um pouco surpreendente, em nível elevado”, diz em nota Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.

“Estes números também podem indicar uma certa resiliência da economia e afastam, ao menos por enquanto, que se instale um quadro recessivo ao longo deste ano”.

De acordo com a pesquisa, para as famílias, a alta esperada do saldo 1,8% no mês deve levar o ritmo de expansão anual da carteira para 24,6%, maior patamar desde dezembro de 2008 (+25,8%). O bom resultado reflete a melhora das condições sanitárias, que vêm permitindo esta crescente reabertura da economia e favorecendo as linhas ligadas ao consumo.

Já a estimativa de expansão em março para as empresas é de 1,6%, com desempenho beneficiado pela sazonalidade positiva das linhas de fluxo de caixa (descontos de recebíveis e antecipação de faturas) e ligadas ao setor externo, que pode ter relação com o aumento das exportações.

A carteira direcionada, por sua vez, deve apresentar alta mais modesta (+0,5%), com desempenho desigual entres os segmentos. Enquanto a carteira pessoa física (+1,2%) deve seguir se beneficiando da demanda aquecida, em especial, por crédito rural, a carteira pessoa jurídica (-0,6%) deve seguir perdendo ímpeto em função da redução dos programas públicos de crédito.

As concessões de crédito devem apresentar expressivo crescimento, de 30,7%, em março, devido à sazonalidade positiva de algumas linhas e do maior número de dias úteis em relação ao mês de fevereiro.

Quando o resultado é ajustado por dias úteis, a expansão chega a 18,8%. De acordo com a pesquisa, na visão acumulada em 12 meses, o crescimento das concessões deve atingir o maior valor da série histórica (desde 2013), com expansão de 25,4%.

O crescimento do mês deve ser liderado pelo crédito destinado às empresas (+36,7%), com desempenho positivo em ambos os recursos. O destaque deve ficar com as operações com recursos livres, beneficiadas por questões sazonais (linhas relacionadas ao fluxo de caixa e do setor externo).

As concessões para as famílias também devem mostrar avanço significativo, de 25,2% no mês. O crescimento deve ser liderado pelas linhas voltadas ao consumo, como o cartão de crédito e o crédito pessoal, beneficiadas pela melhora das condições sanitárias.

https://valor.globo.com/financas/noticia/2022/04/19/com-covid-19-mais-controlada-credito-deve-ter-expansao-anual-de-16percent-em-marco-diz-febraban.ghtml