Economia

Forte crescimento no fim de 2021 ajudou a melhorar perspectiva para Brasil em 2022, diz FMI

O forte ritmo de expansão observado no Brasil no fim do ano passado transbordou para o início de 2022 e gerou uma melhor perspectiva para a economia este ano. Ainda assim, os choques trazidos pela pandemia e pelo conflito entre Rússia e Ucrânia devem fazer o país desacelerar ao longo do tempo. A avaliação foi feita por Ilan Goldfajn, diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Em entrevista coletiva para comentar os desafios de América Latina e Caribe, o ex-presidente do Banco Central brasileiro entre maio de 2016 a fevereiro de 2019 ressaltou que a melhora de perspectiva também foi vista em outros países da região, na medida em que a guerra no leste europeu elevou os preços de commodities.

Ainda assim, a sobreposição dos choques mencionados acima deve fazer o PIB da região desacelerar de 6,8% em 2021 para 2,5% neste ano, mais em linha com a tendência pré-pandemia.

No caso do Brasil, no entanto, o fundo elevou na semana passada a sua projeção de expansão do PIB este ano de 0,3% para 0,8%. Já a estimativa para 2023 caiu de 1,6% para 1,4%.

"Temos visto na região, não apenas no Brasil, forte retomada no fim do ano passado e sinais de manutenção deste crescimento esse ano. Agora temos a desaceleração de parceiros importantes e, mais importante, a política monetária está ficando mais restrita, o que vai impactar a demanda no fim deste ano e no fim do ano que vem também", disse.

Goldfajn alertou que o principal canal pelo qual a guerra no leste europeu chega à região é pelo canal de preços, principalmente alimentos e transporte, que afetam de forma mais intensa os mais pobres.

Por isso, o fundo incentiva os países a tomarem medidas para aliviar o efeito para estes grupos, bem como aumentar a abrangência dos programas de proteção social onde é permitido.

"O mais importante, neste caso, é que estas medidas sejam temporárias", acrescentou, já que tais medidas têm impacto fiscal.

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