Economia

A inadimplência atual, com suas múltiplas faces e soluções

Por uma questão de probabilidade, considerando-se até mesmo a índole predominante entre nós, brasileiros, os 65 milhões de devedores entre as pessoas físicas, e as cerca de 6 milhões de empresas apontadas como inadimplentes pela Serasa Experian, dificilmente estariam agindo de má-fé, num calote orquestrado sem precedentes no mundo, talvez.

Claro, mau pagador sempre existiu e continuará existindo, mas se tal comportamento tivesse prevalecido, independentemente de pandemia, recrudescimento da inflação e Selic igualmente em alta - justamente para tentar conter o temido dragão devorador de salário e renda – o Brasil jamais teria passado pela lista das 10 maiores economias do mundo.

O fato é que o problema se instalou com força por aqui, e não se sabe quando e como vai ser contornado, gerando isso um nível de incerteza parcialmente amenizado por algo, paradoxalmente, de difícil contestação: precisamos sair juntos desta.

Credores, de uma forma geral, têm procurado fazer sua parte, concedendo inúmeras oportunidades de renegociação às famílias, cuja expressão máxima, sem dúvida, são os concorridos feirões que a imprensa tem sido pródiga em divulgar.

O governo, por sua vez, não demonstra disposição em executar empresas devedoras do Pronampe e do Proec, pelo contrário, estaria prestes a reeditar ambos os programas emergenciais em melhores condições, agora que a pandemia parece entrar numa fase menos aguda.

Mas nem só de altruísmo e empatia há de viver um momento de tal gravidade, cabendo ao setor de crédito refletir sobre a necessidade de combinar sua atenção redobrada ante a cada nova operação analisada, e o seu importantíssimo papel para que a economia se reerga o quanto antes, justamente a reboque das compras hoje negadas ao exército de inadimplentes que está aí.

Uma parte considerável de quem emprestou ou financiou nos últimos dois anos tem motivos no momento para sentir uma incômoda impressão de não ter sabido aproveitar da melhor forma possível a grande demanda causada pela conjuntura sanitário-econômica com a qual convivemos desde março de 2020.

Agora, muitas delas percebem não estar preparadas para lidar com tanta inadimplência e isso vem causando grandes prejuízos, que apenas uma política de crédito assertiva, com boa gestão, apoiada em Inteligência Artificial e equipes bem treinadas poderia evitar.

O fundamental, a esta altura, é tratar a inadimplência com uma sábia combinação de firmeza e ponderação.

Afinal, quanto mais rápido voltar a girar esta roda mágica, movida por pessoas e empresas que, ao consumir, mantêm indústrias, comércios e prestadoras de serviços igualmente vivos, mais rapidamente poderemos pensar em crescimento e, claro, o brasileiro cumprirá melhor ainda sua missão nisso tudo, ao pagar em dia seus compromissos. 

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