Economia

Para empresários, corte na Selic foi tímido

SÃO PAULO — A redução do ritmo de queda da Selic foi criticada por algumas entidades empresariais e centrais sindicais. Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), o Copom poderia ter mantido os cortes de um ponto percentual.

— O BC e o Ministério da Fazenda precisam agir. Têm que trazer mudanças nos impostos sobre crédito, na regulação e na concorrência bancária, atrair novos operadores no mercado de crédito e estimular as empresas que fazem finanças na internet, as chamadas fintech. Somente com uma forte redução nos juros para o consumidor e para o empreendedor o atual momento de Selic baixa estimulará o crescimento econômico e a geração de empregos — disse.

Para a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), a redução do ritmo de queda da taxa Selic já era esperada, tendo em vista a sinalização antecipada do próprio Copom, bem como os sinais mais consistentes de recuperação da atividade econômica. “O foco passa a ser qual o novo nível da taxa básica de juros. O grande desafio da economia brasileira é voltar a crescer, com inflação e juros baixos. Nesse sentido, o Sistema FIRJAN entende que a aprovação da agenda de reformas é o fator determinante. A reforma da previdência é a prioridade, sendo imprescindível sua votação ainda este ano pelo Congresso Nacional”, informou em comunicado.

Fernando Valente Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), a redução da Selic pelo Copom, como vem ocorrendo este ano, é um caminho acertado e necessário.

— Somente terá efeitos significativos na recuperação da economia se houver mais acesso ao crédito e os juros mais baixos chegarem às empresas e aos consumidores, uma vez que a diferença entre Selic e os juros realmente praticados na ponta são totalmente discrepantes.

Associação Paulista de Supermercados (APAS) avaliou que a decisão do COPOM sinaliza ao mercado a busca por uma retomada do crescimento econômico no curto e médio prazo, mas com compromisso da estabilidade dos preços.

— A redução dos juros para 7,5% ao ano não foi surpresa para a APAS, isso porque a taxa de juros em queda reflete o quadro recessivo da economia ao longo dos últimos anos e visa a retomada da confiança dos empresários e consumidores, o que já se traduz nos primeiros sinais de recuperação em diversos setores — disse Rodrigo Mariano, gerente de Economia e Pesquisa da APAS.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), também avalia que o BC foi sensato e acertou ao reduzir a Taxa Selic em 0,75 p.p. “Tudo indica que o cenário é de recuperação, mas gradativa e lenta, de forma que seja possível manter o ritmo de queda de juros, porém, sem colocar em risco as metas de Inflação deste ano e do próximo”, informou em nota.

Para a Força Sindical, ao manter a política de conta-gotas, o governo acerta no remédio ao reduzir a taxa Selic, mas erra na dose ao cortar muito pouco. “Mais uma vez o Copom frustra os trabalhadores, que precisam desesperadamente de mais ousadia. Afinal, treze milhões de pessoas estão desempregadas. A taxa Selic continua extremamente proibitiva, e o Brasil perde outra chance de apostar no setor produtivo devido ao excesso de gradualismo e conservadorismo de quem dirige a economia no País. É sempre importante lembrar que menos juros representam mais empregos”.
 
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