Economia

Juros e inadimplência adiam melhora no capital de giro para o 2º semestre


 
O crédito para capital de giro só melhorará a partir do segundo semestre de 2018. Com dificuldade na tomada de empréstimos frente aos altos juros e inadimplência, empresário optará por trabalhar em menores patamares de venda e produção a se endividar.

Mesmo com a melhora no consumo e frente ao custo menor dos financiamentos – puxado principalmente pela queda da taxa básica de juros (Selic) –, as empresas ainda demonstram dificuldade em manter seus compromissos.

Os últimos dados do Banco Central (BC), por exemplo, apontam que já em janeiro o índice de calotes da linha subiu 2,4 pontos percentuais (p.p.) ante igual mês de 2017 (de 4,1% para 6,5%), em prazos abaixo de 365 dias.

Já para os empréstimos com períodos acima de um ano, a inadimplência foi de 5,5% para 6,3% (+0,8 p.p.) na mesma base de comparação.

“Vemos um movimento de recuperação por parte das empresas, mas além da dificuldade ao acesso do crédito, os juros da modalidade ainda são muito voláteis e instáveis, principalmente para o segmento de pequenas e médias companhias”, pontua o CEO da Nexoos, Daniel Gomes.

A taxa média de juros totais para os financiamentos de capital de giro ficou em 18,8% ao ano (a.a.), queda de 5,6 p.p. em relação a igual mês de 2017 de, 24,4% a.a..

As concessões, por sua vez, totalizaram R$ 11,166 bilhões, redução de 12,2% na mesma relação (R$ 12,718 bilhões).

Segundo o professor de economia do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) Walter Franco Lopes, o custo do crédito ainda está alto para as empresas e apesar de ser um ano melhor, “ninguém apostará na modalidade de forma muito agressiva”.

“Essa é a primeira linha que o empresário procura na recuperação, mas entre trabalhar dentro do que os ganhos permitem e tomar um empréstimo caro, a parcimônia vence. Melhor operar com vendas e produções menores do que se endividar”, explica Lopes.

Boas perspectivas

Da parte dos bancos, por sua vez, que já sinalizam projeções positivas para os empréstimos de capital de giro, a análise macroeconômica e até polícia do País ainda pode influenciar em passos cautelosos.

“Há quedas significativas no volume de falências e avanço do crédito na comparação do trimestre até janeiro. São bons indicativos para os credores”, diz o economista do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC Boa Vista), Flávio Calife.

Dados do birô apontam recuo de 19,8% nas falências no acumulado de 12 meses até fevereiro de 2018 ante o mesmo período do ano anterior.

Além disso, as concessões da linha subiram 18,1% no trimestre móvel até janeiro em relação aos três meses anteriores (de R$ 36,636 bilhões para R$ 43,272 bilhões).

“Claro que o aumento do crédito ainda está limitado pela recuperação das empresas e com certeza demorará alguns anos para voltarmos a patamares anteriores. Mas já no começo do segundo semestre, a tendência de alta já será visível”, completa Calife, do SCPC.

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