Economia

Inadimplência cai, mas juros do cartão de crédito sobem em agosto

BRASÍLIA — A inadimplência no país caiu para o menor nível da História. Dos empréstimos feitos — com exceção dos créditos rural, do BNDES e habitacional — a taxa baixou de 4,3% para 4,2% em agosto. É o nível mais baixo para os chamados "recursos livres" desde quando o Banco Central passou a registrar os dados em 2011. A melhora da saúde financeira de famílias e empresas por causa da retomada do crescimento econômico ajuda a diminuir o custo dos financiamentos no país no momento em que as condições para os bancos captarem recursos estão piores por causa das turbulências no mercado financeiro. No entanto, algumas taxas de juros continuam nas alturas.

É o caso do rotativo do cartão de crédito: custa 274% ao ano. Está 2,8 ponto percentual mais caro que em julho. Segundo o Banco Central, os brasileiros têm R$ 34,5 bilhões nesse crédito. A recomendação da equipe econômica é fugir desse financiado.

— Como o cheque especial, o rotativo do cartão de crédito é uma linha emergencial e, de preferência, para não ser usada — falou o chefe do departamento econômico do BC, Fernando Rocha.

Já no cheque especial, as famílias acumulam dívidas de R$ 23,4 bilhões. Pagam, em média sobre ela, 303,2% ao ano.

E a família brasileira está cada vez mais endividada. As dívidas representam 41,8% da renda anual. Houve uma alta de 0,8 ponto percentual desde o início do ano. Mensalmente, essas despesas representam 20,2% do orçamento familiar: valor praticamente estável desde setembro do ano passado.

Mesmo com mais financiamento para pagar, os brasileiros têm honrado os compromissos. Segundo Rocha, a inadimplência está com valores muito baixos e mantém a trajetória de queda desde 2017.

— Por um lado, há a retomada da atividade e, por outro, há o gerenciamento do setor bancário na concessão de crédito — explicou Rocha, que lembrou que os bancos estão mais criteriosos para conceder o crédito e diminuir o risco e melhoraram a gestão com o oferecimento de renegociação de dívidas.

O Indicador de Custo de Crédito (ICC), que mede o custo de todas as operações que famílias e empresas têm ativas caiu levemente em agosto: 0,1 ponto percentual e chegou a 20,8% ao ano. No mês passado, a taxa média de juros das operações contratadas ficou estável em 24,5% ao ano.

A taxa de juros ficou estável mesmo com a alta do custo de captação porque os bancos reduziram a parcela que cobram. A diferença entre quanto a instituição paga pelo dinheiro e por quanto empresta aos clientes, o chamado spread bancário, baixou 0,2 ponto percentual e chegou a 17,6 ponto percentual em agosto.

— Em agosto, permaneceu o movimento de redução do custo de crédito no país — resumiu Fernando Rocha.

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