Economia

Maior demanda de MPEs por crédito impulsiona produtos de menor taxa

A maior demanda de micro, pequenos e médios negócios pressionará por produtos mais adequados em antecipação de recebíveis no mercado de crédito. A maior competição impulsionará taxas menores nas concessões, que hoje chegam a até 9% ao mês.

A expectativa é de crescimento do setor, segundo os últimos dados do Banco Central. Enquanto o crédito com desconto de duplicatas registrou um aumento de 20,1% em junho deste ano contra igual mês de 2018 (de R$ 29,339 bilhões para R$ 35,259 bilhões), por exemplo, as concessões para antecipação de faturas de cartão subiram 6,3% na mesma base de comparação, de R$ 14,855 bilhões para R$ 15,789 bilhões.

Dentre as modalidades semelhantes, apenas o desconto de cheques apresentou queda na relação com junho do ano passado, movimento muito mais relacionado ao o menor uso do instrumento (cheque) do que pela menor demanda do crédito. O recuo foi de 5,6%, de R$ 1,165 bilhão para R$ 1,100 bilhão.

De acordo com o COO e CFO da Adianta, André Puchain, ainda que os montantes cedidos nas linhas de antecipação e desconto já venham crescendo desde o final de 2017, ainda “falta papel no mercado”, principalmente no que diz respeito à oferta da linha à micro e pequenas empresas (MPEs). “Há uma grande presença bancária nessa modalidade, mas o pequeno e médio negócio, muitas vezes vinculado à pessoas físicas, já começa a buscar alternativas. E é porque esse empresário precisa de um produto um pouco mais voltado pra ele que começaremos a ver produtos cada vez mais adequados ao segmento e com taxas cada vez menores. Essa é a tendência”, diz o executivo.

Nesse sentido, apesar de as linhas de antecipação e desconto serem mais baratas do que o crédito para capital de giro, por exemplo, principalmente devido à garantia atrelada ao produto – que é puramente transformar o montante advindo de vendas a prazo ou parceladas em dinheiro presente – as taxas da modalidade podem variar entre 1,6% e 9%.

Segundo o Banco Central, a média das taxas de desconto de duplicatas ficou em 17,7% ao ano em junho deste ano, queda de 0,6 ponto percentual em comparação a igual mês de 2018. Já os juros na antecipação de faturas de cartão ficaram em 13,3% ao ano, recuo de 4,6 pontos percentuais em relação aos 17,9% ao ano na mesma base de comparação.

As taxas para a linha de desconto de cheques, por sua vez, reduziram 4,3 pontos percentuais, de 37,3% ao ano para 33% ao ano em igual período. Os executivos entrevistados pelo DCI também reforçam a chegada das novas tecnologias e a consequente maior competição por parte das fintechs como um dos fatores que vão colaborar para uma pressão cada vez mais forte na redução das taxas de juros.

Segundo o diretor de novos negócios da Weel, Nathan Yoles, grande parte do alto custo no sistema bancário vem da ineficiência e das burocracias dos sistemas, o que já não acontece na comparação com essas startups financeiras, por exemplo. “O modelo digital das fintechs, por exemplo, permite uma grande redução no custo de transação e da análise de crédito e isso, consequentemente, já se traduz em uma taxa um pouco mais baixa e adequada aos tomadores”, acrescenta o executivo.

Ele reitera, porém, que um trabalho mais focado em MPEs ainda precisa ser feito, principalmente no atual momento do País. Segundo os últimos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo, o número de trabalhadores por contra própria teve seu oitavo crescimento consecutivo no segundo trimestre deste ano.

A alta foi de cerca de 5%, de 23 milhões de pessoas em igual período de 2018 para um total de 24,1 milhões de trabalhadores ao final de junho último. “Há uma lacuna que o mercado ainda precisa preencher principalmente no que diz respeito aos MPEs. Seja trazendo novos produtos ou novas experiências, ainda tem muito trabalho a ser feito”, complementa Yoles.

Já para o CEO da Antecipa Fácil, Thiago Chiliatto, parte dessas mudanças já refletirão em resultados melhores e maiores demandas ao longo do segundo semestre deste ano. “Nas conversas que temos com nossos clientes, diversos já afirmam ter novos contratos saindo da gaveta para serem assinados e a expectativa é de que tenhamos uma boa surpresa até o final deste ano. Quando a economia começa a girar, a primeira necessidade é de caixa e capital de giro e a linha deve demonstrar um bom crescimento nos próximos meses”, conclui Chiliatto.

https://www.sinfacsp.com.br/noticia/maior-demanda-de-mpes-por-credito-impulsiona-produtos-de-menor-taxa-dci