Economia

Poder ao pequeno e médio varejista

O mercado de registros de ativos financeiros ganha relevância no país com a entrada em vigor da nova regulamentação do Banco Central, no próximo dia 7 de junho. A medida centraliza o registro dos recebíveis de cartão dos varejistas em sistemas automatizados e fiscalizados pela autarquia. Com isso, cerca de 20 milhões de micro e pequenas empresas passam a ter as mesmas condições de crédito das médias e grandes corporações.

Trata-se de um mercado que deverá movimentar cerca de R$ 2,3 trilhões até o final do ano, segundo estima a Abecs, associação que representa as empresas de meios eletrônicos de pagamentos. Além de centralizar as informações de compra, o novo modelo transfere o poder dos dados para o varejo, ou seja, quem fez a venda é o dono da informação.

A distribuição de crédito pelo varejo poderá ser feita por qualquer pessoa, desde que o varejista autorize. Haverá também uma grande mudança no modelo de distribuição desse capital, que antes chegava ao varejo pelo canal da agência do banco ou pela maquininha. Agora poderá ser por meio de uma empresa não financeira.

“É um novo mercado que se estabelece a partir da antecipação de recebíveis, que permitirá que um gestor monte um fundo de investimento para comprar recebíveis de cartão e negociar a compra desses recebíveis com o dono da padaria”, afirma Fernando Fontes, CEO da CERC Central de Recebíveis.

Segundo ele, a capacidade que foi dada ao mercado de capitais ao longo dos anos, de comprar e vender ativos que são emitidos pelas empresas de grande porte, foi trazida para o modelo de recebíveis.

“Os recebíveis tornam-se quase um valor mobiliário, algo que se consegue comprar e vender com muita liquidez, como um CDB, uma ação e começa a ganhar status”, diz. Isso potencializa o crédito de vendas já realizadas e futuras que o varejista pode dar de segurança, além de fazer com que os bancos tenham mais apetite para financiar e alavancar os varejista para que possam gerar novos recebíveis.

Viés tecnológico

A registradora CERC foi criada inicialmente para atuar no mercado de duplicatas, porém o registro de recebíveis de cartão tornou-se seu principal negócio. Foi a primeira empresa autorizada pelo BC para prestar esse serviço.

Em 2020, a companhia recebeu aporte de R$ 67,7 milhões, a maior rodada de captação desde sua fundação em 2015. Os recursos injetados pelos sócios e investidores, como a Valor Capital e a GP Investimentos, foram utilizados na expansão em registro de ativos. Com o capital a empresa pode criar câmara de liquidação e acelerar o projeto de uma clearing e depositária de ativos financeiros.

Autorizada pela Susep e mais conhecida pelas seguradoras, a Cerc tem como principais concorrentes o B3, nas áreas de duplicatas, agronegócios e seguro e a Câmara Interbancária de Pagamento (CIP).

De acordo com Fontes, o grande viabilizador da CERC foi a tecnologia especialmente a computação em nuvem e a ciência de dados, que traz como ferramentas a Inteligência Artificial, Machine Learning. A empresa funciona com APIs conectadas em rede pública na nuvem. Para os recebíveis a empresa oferece serviços centralizado e ao mesmo tempo com todas as informações que os bancos só enxergam uma parte.

A empresa já está com tratativas avançadas para fazer parte do novo ecossistema do open banking, na próxima fase. Além de transacionar o recebível, poderá atuar em funções que envolve o acesso à informação, Iniciação de Pagamento e garantias de recebíveis.

“Garantia é o nosso papel e conseguimos fazer tudo por API e aprovar a operação para o cliente com apenas um clique”, conclui.

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