Economia

Ambiente regulatório é propício à expansão

Uma tempestade perfeita, mas de oportunidades. É como Fábio Gonsalez, co-fundador do Fintechlab, analisa a atual fase do ecossistema de fintechs.

Graças à junção de fatores como um ambiente regulatório aperfeiçoado pelo Banco Central, tecnologias acessíveis, grandes grupos financeiros interessados em parcerias, além de clientes que desejam soluções cada vez mais digitais, o mercado segue em expansão, diz.

Desde 2017, o Fintech Lab, portal de mapeamento e informações sobre o setor, divulga relatórios sobre a evolução das startups de finanças. A edição mais recente, divulgada em 12 de junho, indica um crescimento de 33% no número de fintechs, entre agosto de 2018 e junho de 2019. O volume de empresas saltou de 453 para 604. Ao contrário do Fintech Mining Report 2019, feito pela holding de inovação Distrito, o Fintech Lab considera as startups de seguros (insurtechs) na contagem.

De acordo com Gonsalez, houve reforço em quase todos os nichos de atuação. O setor de pagamentos, o mais robusto desse mercado, com 29% de participação no total, saiu de 106 para 151 empresas no período, um aumento de 43%. Já as iniciativas dedicadas a empréstimos saltaram de 70 para 95, um crescimento de 36%.

O maior avanço percentual entre todas as categorias analisadas coube às fintechs de investimento. Eram 24 companhias em 2018 e agora são 38, com uma evolução de 59%. "Oito novos bancos digitais e empresas de multisserviços apareceram no relatório deste ano."

O interesse dos reguladores financeiros pelas fintechs ajuda a aumentar a concorrência, dá mais transparência ao setor e oportunidades aos empreendedores, diz. em 13 de junho, o Ministério da Economia, o Banco Central, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Superintendência de Seguros Privados (Susep), assinaram um documento que deve flexibilizar as normas regulatórias das fintechs, no modelo conhecido como "sandbox".

O sandbox (caixa de areia, em inglês), já adotado no Reino Unido, determina que normas de mercado sejam flexibilizadas, por um prazo determinado, para permitir que as empresas possam se desenvolver sem desrespeitar as regras vigentes. A ideia é funcionar como um apoio para os negócios iniciantes.

Além desse "empurrão" do setor regulador, Gonsalez chama a atenção para a importância das parcerias das fintechs com instituições financeiras. "Elas podem se associar a uma grande marca ou fazer provas de conceito de suas soluções, dentro de programas de aceleração", diz.

Percival Jatobá, vice-presidente de produtos, soluções e inovação da Visa do Brasil, que tem programas de aceleração desde 2017, diz que o investimento de grandes grupos é fundamental para apoiar negócios em crescimento mas, sem uma boa ferramenta financeira, nenhuma parceria será eficiente.

"Tudo depende da resposta do consumidor à proposta da fintech", diz. "Se ele não comprar a ideia, todo o esforço não passará de uma apresentação de 'power point'", diz Jatobá. Em 2018, a Visa anunciou seu primeiro investimento no Brasil, na Conductor, de pagamentos digitais.

Fonte: Jacilio Saraiva, do Valor

http://www.fintechspress.com/8-mercado/2356-ambiente-regulatorio-e-propicio-a-expansao