Economia

Pequenas e médias empresas crescem 11,5% no primeiro trimestre

Os primeiros três meses de 2024 foram de grande crescimento para as pequenas e médias empresas (PMEs) no Brasil. Segundo o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), após a expansão de 4,7% em março, o setor fechou o trimestre com alta de 11,5% no faturamento.

O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$ 50 milhões anuais, consistindo no monitoramento de 678 atividades econômicas que compõem quatro grandes setores: comércio, indústria, infraestrutura e serviços.

"Além da resiliência no mercado de trabalho, começaram a aparecer, mesmo que discretamente, os efeitos da queda da taxa básica de juros promovido pelo Banco Central, refletindo nas concessões de crédito às pessoas físicas", diz Felipe Beraldi, economista e gerente da Omie.

De fato, as projeções do mercado para o desempenho do PIB brasileiro voltaram a subir nas últimas semanas, após a divulgação de diversos indicadores de alta frequência. Segundo o relatório Focus do Banco Central, espera-se crescimento de 1,9% da economia brasileira em 2024 – projeção anterior era de +1,5%.

Qual setor mais cresceu?

A análise dos dados setorizados do IODE-PMEs revela que a evolução do mercado foi disseminada entre os grandes setores da economia no início do ano.

Mantendo a tendência apontada no trimestre anterior pelo índice, as PMEs da Indústria seguiram com avanço de 15,6%, em comparação ao primeiro trimestre de 2023. O resultado reflete o próprio crescimento da demanda doméstica e a normalização das cadeias globais de produção – que tem resultado em expressiva queda de custos, sobretudo para indústrias de menor porte.

Dos 23 subsetores da indústria de transformação acompanhados pelo índice, 19 registraram alta no primeiro trimestre.

Serviços também têm tendência positiva no mercado de PMEs no primeiro trimestre de 2024, com crescimento de 8%.

“O avanço da renda e a redução das pressões inflacionárias contribuem para a ampliação do poder de compra das famílias e das empresas, favorecendo os prestadores de serviços nos mais variados ramos de atividades do segmento”, explica Beraldi.

Apesar do avanço na Indústria e em Serviços, a grande surpresa indicada pelo IODE-PMEs no início de 2024 foi a retomada do aumento de faturamento das PMEs do Comércio em termos anuais. O segmento cresceu 4,6%, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

O economista observa que esse panorama setorial é diferente do observado no decorrer de 2023 – em que o desempenho do índice mostrava diferenças setoriais relevantes. “Com isso, a evolução recente das PMEs se configura novamente como um importante antecedente positivo do PIB brasileiro no período”, ressalta.

Crescimento por região

O IODE-PMEs também apresenta uma visão regionalizada do comportamento do mercado de pequenas e médias empresas no país. O índice aponta que a ascensão, do mercado foi disseminado na maioria das regiões:
  • Sudeste (+9,7%)
  • Sul (+9,3%)
  • Nordeste (+8,4%)
  • Centro-Oeste (+23,5%)
A região Norte é a única que apontou uma retração no período (-3,4%).

O que esperar das PMEs em 2024?

O desempenho do IODE-PMEs no início de 2024 (sobretudo no primeiro bimestre do ano) foi positivo em relação às projeções do IODE-PMEs para o período. Seguindo essa tendência de avanço, a estimativa é que o setor cresça 4,3% ante 2023.

Para o segundo semestre de 2024, a perspectiva é de desaceleração, em relação ao desempenho recente.

“Há pouco espaço para uma nova tração vinda do mercado de trabalho, considerando o desemprego atual (entre 7,5% e 8,0%) e o nível elevado dos rendimentos dos trabalhadores. Além disso, não se espera ampliação de programas de incentivo à renda do governo, diante da necessidade de ajuste das contas públicas”, diz o especialista.

Do ponto de vista setorial, a expansão do mercado de PMEs deve ser sustentada pelo pelas atividades de Serviços. Além disso, os efeitos da queda das taxas de juros devem abrir espaço para retomada consistente do crescimento do faturamento real das PMEs do Comércio, após um 2023 desafiador.

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